“Eu vim lançar fogo sobre a Terra”

“Eu vim lançar fogo sobre a Terra; e como gostaria que ele já se tivesse ateado. Tenho de receber um baptismo, e que angustias as minhas até que ele se realize. Julgais que Eu vim para estabelecer a paz na Terra? Não, Eu vo-lo digo, mas antes a divisão. Porque, daqui por diante, estarão cinco divididos numa só casa: três contra dois e dois contra três; vão dividir-se: o pai contra o filho e o filho contra o pai, mãe contra a filha e a filha contra a mãe, a sogra contra a nora e a nora contra a sogra.”
Lc. 12, 49-53


Jesus, nesta palavra, tocou-me em 3 partes: 1) pela forma e o quanto nos quer, 2) como se identifica connosco, e 3) como nos desafia a mudar a nossa abertura de espirito permanentemente, para entrarmos na relação de Amor com Deus.

Ao deixar-me envolver pela força das palavras de Jesus na primeira frase, vejo a intensidade com que Jesus me quer a mim. Tem uma paixão, que Lhe dá uma determinação e vontade de se entregar enorme e contagiante. É que Jesus quer atear-nos! Quer envolver e chamar cada um de nós a entrar, com Ele, na alegria do Amor de Deus (“lançar o fogo”!). 

Apercebo-me o quanto Jesus me quer acordar e contagiar hoje, na minha vida? No meio de todas as rotinas, cansaços e  limitações (que muitas vezes me vencem da pior forma: “já nao sei como fazer melhor”), Jesus chama-me para me marcar com o seu “fogo”. Mais, anseia e espera por mim. Dou-me conta disto?  

Jesus tem muito bem claro para si que vive numa missão que é um sacramento (baptismo) até ao final. Nem sei se alcanço bem isto. Mas, por outro lado, vejo que para Jesus está claro que a vida é uma maratona, em que ele se identifica connosco porque, como não é instantânea, gera apreensão e receios (angustias), que Ele também vive. Volto a Saborear mais um pouco, com tempo, a primeira frase e vejo que Jesus, aos poucos, faz-me ir identificando como minha essa vontade de lançar fogo. Jesus vive na plenitude não porque os seus medos desapareceram perante o que é novo e diferente e que ainda não se concretizou, mas porque permanece aberto perante a pergunta que nos esquecemos frequentemente de irmos aprofundando, na intimidade, com Deus: “que queres de mim e da minha vida?” 

Hoje, peçamos ao Espírito o Dom da Confiança para ir fazendo o caminho com coragem e de nos abrirmos às questões centrais da nossa vida, sem medo de não conseguirmos preencher já com uma resposta. 

Na parte final da Leitura, Jesus toca-me ao pôr-me desconfortável. Fala-me de uma forma provocadora fazendo-me perguntar a mim próprio o que espero da relação com Ele e com Deus? Entro na oração e no meu dia-a-dia com a expectativa (um pouco infantil) de que Deus existe para me confortar, acarinhar e me dar bem estar? Ou que a vida é um não parar de oportunidades de Amar? E que Jesus me quer “atear” a vontade de a viver com  todo o potencial para me fazer Filho? 

É que, muitas vezes, espero que a oração me resolva os problemas e me dê descanso, mas esta é uma falsa paz (a paz de Jesus não é como a do Mundo). A Paz que Jesus nos deixa resulta da ruptura que Ele quer fazer no que há de mais profundo, tradicional e enraizado em nós, quer de afectos, quer de mentalidade (casa, pais, filhos, mães, etc).

Que me convida hoje Jesus a identificar e deixar influenciar/trabalhar por Ele nas minhas relações mais próximas? Mergulhemos nisto com o Espírito para que a Humildade não nos faça saltar os desafios das nossas relações mais próximas só porque não conseguimos ter uma resposta nós mesmos.

Jesus, pedimos-Te, do fundo do coração, a tua paixão e estado de alerta, para que nos torne receptivos a Deus no dia de hoje, onde o Espírito nos quiser tocar.

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