A árvore da Vida

“Então Javé Deus modelou o homem com a argila do solo, soprou-lhe nas narinas um sopro de vida, e o homem tornou-se um ser vivente.Javé Deus plantou um jardim no Éden, no Oriente, e aí colocou o homem que havia modelado. Javé Deus fez brotar do solo todas as espécies de árvores formosas de ver e boas para comer. Além disso, colocou a árvore da vida no meio do jardim, e também a árvore do conhecimento do bem e do mal. Javé Deus tomou o homem e colocou-o no jardim do Éden, para que o cultivasse e guardasse. E Javé Deus ordenou ao homem: «Podes comer de todas as árvores do jardim.  Mas não podes comer da árvore do conhecimento do bem e do mal, porque no dia em que dela comeres, com certeza morrerás».  Javé Deus disse: «Não é bom que o homem esteja sozinho. Vou fazer-lhe uma auxiliar que lhe seja semelhante». Então Javé Deus formou do solo todas as feras e todas as aves do céu. E apresentou-as ao homem para ver com que nome ele as chamaria: cada ser vivo teria o nome que o homem lhe desse.  O homem deu então um nome a todos os animais, às aves do céu e a todas as feras. Mas o homem não encontrou uma auxiliar que lhe fosse semelhante. Então Javé Deus fez cair um torpor sobre o homem, e ele adormeceu. Tomou então uma costela do homem e no lugar fez crescer carne. Depois, da costela que tinha tirado do homem, Javé Deus modelou uma mulher, e apresentou-a ao homem. Então o homem exclamou: «Esta, sim, é osso dos meus ossos e carne da minha carne! Ela será chamada mulher, porque foi tirada do homem!» Por isso, um homem deixa seu pai e sua mãe, e une-se à sua mulher, e os dois tornam-se uma só carne. Ora, o homem e sua mulher estavam nus, mas não sentiam vergonha.”
Génesis 2, 7-9.15-25


Pai, com este texto o escritor não nos quer explicar a origem cientifica do homem e da mulher. Quer-nos explicar qual a nossa essência, a complementaridade homem – mulher, a essência do mal. Com a criação do homem, o autor diz que somos parte natureza, biologia (pó da terra) e parte divina (o sopro da vida).
À medida que te conheço melhor, Pai, vou percebendo que para viver em paz, comigo próprio e com os outros, e para viver um vida em cheio tenho de aceitar a minha frágil realidade (pó da terra) e tenho, em simultâneo, de acolher a minha realidade divina (sopro de vida), que me dá dinâmica e motivação.
Vejo também que a grande origem das minhas quedas e do meu mau agir (do meu pecado) é achar que já tenho um conhecimento completo sobre as situações e sobre as pessoas (comer da árvore da bem e do mal) e, por isso, ter direito de julgar os outros, de não ter de rever as minhas atitudes, os meus actos. Quando faço isso estou a comportar-me como se fosse Deus e sufoco os outros com as minhas ordens, os meus “mandamentos”, a minha intransigência. Pelo contrário, comer da árvore da Vida, é acolher o outro, tendo consciência da minha imperfeição e da imperfeição do outro e construir a partir daí.
No texto, vejo também que tenho de cultivar e guardar o jardim concreto onde vivo, o meu Éden, o meu Paraíso. Dele não me posso alienar porque é dele que recebo a vida. É no meu dia-a-dia que está a minha árvore da Vida (esposo/a, filhos, família, amigos, trabalho, etc.). É desta árvore que tenho de comer para continuar a viver no Éden, para viver em total harmonia com todos e com a minha companheira – “Estavam ambos nus mas não sentiam vergonha”. 
Este texto realça também uma coisa que muitas vezes esqueço, o autor ao descrever que a mulher foi feita a partir da costela do homem está a dizer que o homem e a mulher são complementares e que sem a mulher o homem tem em si um vazio (sítio de onde se tirou a costela) que nunca será preenchido. Em vez de saborear o que o outro me dá, a riqueza que o outro é para mim, irrito-me tantas vezes e rejeito a diferença do outro, que não é linear de aceitar mas que me dá vida.
Boa semana e boa oração!

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