Deus ama-nos…

Sião dizia: «O Senhor abandonou-me, o Senhor esqueceu-Se de mim». Poderá a mulher esquecer a criança que amamenta e não ter compaixão do filho das suas entranhas? Mas ainda que ela se esqueça, Eu não te esquecerei. 
Is 49, 14-15
Não vos preocupeis, dizendo: ‘Que comeremos, que beberemos, ou que vestiremos?’ Os pagãos, esses sim, afadigam-se com tais coisas; porém, o vosso Pai celeste bem sabe que tendes necessidade de tudo isso. Procurai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e tudo o mais se vos dará por acréscimo. Não vos preocupeis, portanto, com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã já terá as suas preocupações. Basta a cada dia o seu problema.»
Mt 6, 24-34
 
Hoje é Domingo! O antigo “dia de ir à missa” é um convite para recordarmos e celebrarmos a paixão e ressurreição de Jesus, se possível através da Eucaristia. Ou seja, dia para vivermos mais intensamente a realidade de que Deus nos ama e dá tudo para que nós, seus filhos, vivamos em abundância e nos entre ajudemos nesse sentido!
As leituras de hoje parecem-me ir no sentido de recordar o que é central na nossa vida: a experiência de ser filhos muito amados por Deus, e a chamada a estruturar a nossa vida amando do mesmo modo, transformando a realidade.
Em Isaías sinto que o Senhor me interpela: “estarás tu tão habituado a viver a tua vida que achas que Eu me esqueci de ti? Ou estás demasiado ocupado para te aperceberes disso? ”Se o que sai de nós é um esquecimento de Deus, um certo vazio e distância dele, nesta palavra hoje Ele recorda-nos: ”Eu não te esquecerei”. Quero aproveitar este dom?
No Evangelho, parece-me que Jesus convida mesmo a viver este dom, mas… na prática! Vale a pena um esforço para captar o que Ele está a dizer. Imaginá-lo a dizer isto com entoação, querendo transmitir algo… onde queres chegar, Jesus??
O que me sobressai nesta leitura é: “o vosso Pai celeste bem sabe que tendes necessidade de tudo isso. Procurai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e tudo o mais se vos dará por acréscimo.” Esforcei-me por tentar captar onde Jesus quereria chegar… não me parece que seja a apologia a viver sem planos ou projectos, à-toa, mas mais um convite a projectarmos o que é relevante para a nossa felicidade e a dos outros, deixando de dar primazia ao acessório e ao “piloto automático”. Ando preocupado/ocupado com as coisas mais imediatas, com as solicitações espontâneas, com o-dia-dia (que Jesus diz ser o que comer, beber, etc, mas que se calhar são também a a gestão da casa, aquilo que é preciso tratar para os filhos, um jantar onde vou…)? A alternativa proposta é “procurar o reino de Deus e a sua justiça”: essas solicitações, como as vivo? A “despachar” ou construindo através delas, vivendo-as com intencionalidade de concretizar o amor que Jesus me chama a viver? E mais :a minha “agenda” resulta de resposta a impulsos mais “superficiais” ou de querer “construir o reino” na relação de casal ou de namoro, na relação com os filhos, com os pais, na execução da minha profissão…? Em que se pode concretizar hoje, domingo, esta construção?
Por fim, também me surge o convite de deixar espaço (mental e temporal!) para ser consciente e saber acolher “o que me será dado por acréscimo”. Ajuda-me, Jesus, rotina do dia-dia ou fora dela a ter o coração atento para receber de Ti a força que preciso e que Tu garantidamente me dás.
Bom domingo, cheio da Sua presença e dinamismo!

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