Ele há-de baptizar-vos no Espírito Santo e no fogo.

Estando o povo na expectativa e pensando intimamente se ele não seria o Messias, João disse a todos: «Eu baptizo-vos em água, mas vai chegar alguém mais forte do que eu, a quem não sou digno de desatar a correia das sandálias. Ele há-de baptizar-vos no Espírito Santo e no fogo. Tem na mão a pá de joeirar, para limpar a sua eira e recolher o trigo no seu celeiro; mas queimará a palha num fogo inextinguível.» E, com estas e muitas outras exortações, anunciava a Boa-Nova ao povo.
Lc 3, 15-18
 
O fogo evocado por João e Tiago aparece, segundo o Evangelista S. Lucas, unido à Missão judicial de Jesus: «Ele há-de baptizar-vos no Espírito Santo e no fogo»: isto pressupõe que a obra de Jesus destrói com o fogo o mundo velho e cria a nova realidade no Espírito.
 
É neste contexto que se devemos perceber a pretensão de João e de Tiago. Querem instrumentalizar o fogo do juízo de Jesus para a defesa dos seus próprios interesses, pretendendo que a decisão final de Deus se reduza sob a forma de condenação do mundo. Esta atitude persiste, pelo menos instintivamente, numa parte considerável dos crentes.
 
Quando nos defrontamos com o mal do mundo, as injustiças, quando a perversão dos poderes da terra nos rodeia, erguemos a voz interior e exigimos fogo dos céus. Facilmente nos esquecemos de que o caminho de Jesus é diferente; não se trata de fazer sofrer os outros, mas de assumir de uma maneira salvadora, o próprio sofrimento, não se trata de arrancar o mal, mas de, pela cruz, o transformar em bem. 

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