“Manter o coração à espera”

Já está, começamos a semana da tua paixão e não há volta atrás, Senhor! Assim como o mundo não deixa de girar, a vida não deixa de correr e Tu não deixas de amar. Que esta semana possas Senhor contar com a minha presença ao teu lado para poder compreender o latido do teu coração.


Hoje na Missa lê-se toda a paixão de Jesus segundo São Mateus, mas achei bem escolher antes a primeira leitura de Isaías 50, 4-7:
O Senhor deu-me a graça de falar como um discípulo, para que eu saiba dizer uma palavra de alento aos que andam abatidos. Todas as manhãs Ele desperta os meus ouvidos, para eu escutar, como escutam os discípulos. O Senhor Deus abriu-me os ouvidos e eu não resisti nem recuei um passo. Apresentei as costas àqueles que me batiam e a face aos que me arrancavam a barba; não desviei o meu rosto dos que me insultavam e cuspiam. Mas o Senhor Deus veio em meu auxílio, e, por isso, não fiquei envergonhado; tornei o meu rosto duro como pedra, e sei que não ficarei desiludido.


Jesus, obrigada por me deixares entrar no teu coração e escutar o que te empurra, o que te leva a viveres da maneira que vives. Obrigada por me contares os teus segredos e não só me dizeres o que devo ou não fazer.
E o teu primeiro segredo é manteres o coração à espera mesmo no meio das situações que te feriram: a traição dos amigos, a dureza das autoridades, a injustiça da multidão… Tu mantiveste o coração à espera! À espera da voz do Pai, à espera do fazer acontecer de Deus, mesmo que não fosse salvar-te do sofrimento. E eu, Senhor, mantenho o meu coração à tua espera mesmo quando tudo parece fechar-se e nada corre como eu quero?
Não te forçaste a ser quem não eras, mas abriste os teus ouvidos para escutar e mantiveste a tua confiança para receber. Receber a graça que sabias, com certeza, Deus te daria. Ajuda-me a entender que mesmo que as coisas não corram como eu quero, Deus é sempre capaz de me dar a força e a graça que preciso para continuar aberta ao amor e à confiança. No meio das minhas paixões, que são tão pequenas comparadas com a tua, faz com que eu não desvie o rosto, que eu não me retire, que eu não me envergonhe de ser quem sou – amada incondicionalmente por ti, ao ponto de dares a vida por mim.


Senhor que como tu, mais do que nunca, esta semana, eu escute a palavra do Pai e lhe responda cheia de confiança, oferecendo as minhas humilhações, as minhas dificuldades, as minhas paixões por tantas pessoas que não têm tantos recursos nem tantas facilidades como eu. Senhor, que como tu a minha vida possa ser esperança e palavra de alento para muitos.

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