Não andamos nós a viver o cristianismo na superfície?

“Um dos leprosos, ao ver-se curado, voltou atrás, glorificando a Deus em alta voz, e prostrou-se de rosto em terra aos pés de Jesus, para lhe agradecer. Era um samaritano. Jesus, tomando a palavra, disse: “Não foram dez os que ficaram curados? Onde estão os outros nove? Não se encontrou quem voltasse para dar glória a Deus, senão este estrangeiro?” E disse ao homem: “Levanta-te e segue o teu caminho; a tua fé te salvou”.
Lc 17, 11-19
 
Nós cristãos, que nos achamos bonzinhos, certinhos, às vezes somos como os nove leprosos, porque damos por adquirido tudo o que temos: a fé, a salvação, aquilo que já evoluímos. Achamos que foram os nossos méritos que o alcançaram e poucas vezes nos lembramos de agradecer a Deus e de louvá-Lo por aquilo que já fez e faz por nós diariamente.
Só quando verdadeiramente acreditamos que alguém nos deu alguma coisa, agradecemos. Mas Deus já nos deu a salvação gratuitamente, em Jesus, e cada dia torna-a possível nas nossas vidas. Por isso, cada dia devíamos começar por Lhe agradecer tanta maravilha que faz por nós e em nós.
 
A salvação começa por ser o imenso amor que Deus nos tem e nos manifesta cada dia. Vivemos, movemo-nos e existimos, como diz S. Paulo, envolvidos nesse amor imenso, do qual não temos senão uma ínfima percepção.
 
Depois, na continuação desse amor, somos perdoados cada vez que pedimos e acolhemos o perdão de Deus. O perdão não é adquirido por mim. É-me dado, é mais que um dom, é um “per-dom”. E só quando o reconheço e o agradeço a Deus, fico curada na totalidade, como o samaritano leproso que voltou para agradecer e louvar a Deus. Por isso Jesus lhe diz: “A tua fé te salvou”. Os outros 9, ficaram apenas superficialmente curados. Não atingiram a salvação. 
Não andamos nós a viver o cristianismo na superfície? 
Importamo-nos de curar o nosso interior de verdade? 
De pedir ajuda a Deus para mudar aquilo que é preciso mudar?
Ou temos medo daquilo que Jesus nos possa pedir e preferimos viver acomodados, cumprindo ritos para que exteriormente nos “aprovem?”

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