Ninguém põe vinho novo em odres velhos

Naquele tempo, os discípulos de João Batista e os fariseus estavam jejuando. Então, vieram dizer a Jesus: “Por que os discípulos de João e os discípulos dos fariseus jejuam, e os teus discípulos não jejuam?” Jesus respondeu: “Os convidados de um casamento poderiam, por acaso, fazer jejum, enquanto o noivo está com eles? Enquanto o noivo está com eles, os convidados não podem jejuar. Mas vai chegar o tempo em que o noivo será tirado do meio deles; aí, então, eles vão jejuar. Ninguém põe um remendo de pano novo numa roupa velha; porque o remendo novo repuxa o pano velho e o rasgão fica maior ainda. Ninguém põe vinho novo em odres velhos; porque o vinho novo arrebenta os odres velhos e o vinho e os odres se perdem. Por isso, vinho novo em odres novos”. 
Queridos irmãos e irmãs, 
No Evangelho de hoje Jesus apresenta uma nova maneira de viver a religião sem no entanto desprezar as práticas religiosas do outro. Todos os grupos pertencentes ao hebraísmo daquela época, sem excluir os discípulos de João Baptista, reconheciam-se facilmente pela prática de certos ritos, dos quais o mais conhecido era o jejum. O jejum era praticado tendo em vista o merecimento do perdão dos pecados. 
Como se compreende então que o grupo de Jesus não pratique o jejum? 
É simples. É que a prática de Jesus era outra. Para Jesus o pecado é removido pelo amor e pela prática da justiça. 
Com as duas parábolas, nas quais é referido o remendo em pano velho e o vinho novo em odres velhos, Jesus mostra um grande respeito por determinadas experiências religiosas, sobretudo pelas que se referem ao grupo de Baptista. Mas ao mesmo tempo não quer enganar ninguém: não tem a pretensão de deitar um remendo de pano novo, que é o Evangelho, no vestido velho daquelas experiências religiosas, por mais respeitáveis que sejam. Nem se quer pensa em deitar o vinho novo do Evangelho nos odres velhos das instituições judaica porque, se o fizesse, daria cabo dos odres velhos e do vinho novo. 
Queridos irmãos, Jesus pretende salientar aqui a novidade da sua mensagem e pretende incutir nas mentes a necessidade de uma nova sociedade. Uma nova sociedade em que as palavras condizem com as obras, uma sociedade nova em que se privilegia testemunhas e não mestres; uma sociedade nova em que as promessas são cumpridas e ninguém é enganado. Não se trata de remendos, mas de uma atitude verdadeiramente revolucionária; ao mesmo tempo porém trata-se de respeitar aqueles que desde sempre optaram por outra prática diferente. São essas as chamadas regras do ecumenismo intra-eclesial.

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