“A amada:
Beija-me com os beijos da tua boca!
Os teus amores são melhores do que o vinho,
o odor dos teus perfumes é suave,
o teu nome é como óleo perfumado a escorrer,
e as donzelas enamoram-se de ti…
…….
Filhas de Jerusalém,
eu vos conjuro:
se encontrardes o meu amado,
que lhe direis?… Dizei-lhe
que estou doente de amor!
……
A amada:
Eu sou do meu amado,
o seu desejo trá-lo para mim.
Vem, meu amado,
vamos ao campo,
vamos pernoitar debaixo dos cedros,
madrugar pelas vinhas.
Vamos ver se a vinha floresce,
se os botões se estão abrindo,
se as romãzeiras estão a florir:
aí darei o meu amor…
……
A amada:
Grava-me
como selo no teu coração,
como selo nos teus braços;
pois o amor é forte, é como a morte!”
Cântico dos Cânticos, vários
É muito importante este texto bíblico na nossa vida cristã – ele reflecte a nossa própria experiência na relação com Deus – somos sedentos de Amor e de relação com o único que pode saciar esta sede.
Este cântico é um texto do desejo de estar com Deus e o autor compara este desejo ao desejo humano, sentimental, por vezes erótico da relação entre 2 pessoas.
A pessoa que deseja, que está sedenta, coloca-se numa posição de dependência, de fraqueza – não está com o poder, precisa de… E esta atitude é a melhor para a relação com Deus, só despojados e de mãos vazias poderemos aceitar e acolher tudo o que Ele nos dá. Somos mendigos de Deus só que não temos essa consciência constante, se a tivéssemos não andaríamos à procura de preencher o vazio que todos sentimos com aquilo que não pode preencher.
A leitura também me mostra a outra parte – o desejo e o amor de Deus por nós. O simbolismo de um amor apaixonado como o que se nos apresenta no Cântico dos Cânticos é desconcertante mas muito bom pois mostra que o Seu amor por mim é carinho, é admiração, é total, é desejo, é incondicional.