O Deus da vida

“Ao chegar à região de Cesareia de Filipe, Jesus fez a seguinte pergunta aos seus discí-pulos: «Quem dizem os homens que é o Filho do Homem?» Eles responderam: «Uns dizem que é João Baptista; outros, que é Elias; e outros, que é Jeremias ou algum dos profetas.» Perguntou-lhes de novo: «E vós, quem dizeis que Eu sou?» Tomando a pa-lavra, Simão Pedro respondeu: «Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo.» Jesus disse-lhe em resposta: «És feliz, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que to revelou, mas o meu Pai que está no Céu.”
Evangelho segundo São Mateus, capítulo 16, versículos 13 a 17

Bom dia, Jesus. Noutro dia deparei-me com esta leitura, num livro de Anselm Grun, em que ele clarificava o que os discípulos queriam dizer com Jesus ser João Baptista, Elias ou Jeremias. João Baptista é a imagem de um Deus asceta, Um Deus que nos diz que o nosso objetivo último da vida é a renúncia, a negação da nossa própria vida. Elias é a imagem da pureza e da unidade e, ao mesmo tempo, da violência e do ódio. Ele assassinou 450 sacerdotes de Baal, em nome de Deus. E Jeremias é a imagem do justo que sofre. Da eleição do sofrimento como objetivo último da nossa vida. Viver para sofrer.

Mas, no entanto tu dizes que a resposta de Pedro é a que está certa. Jesus “é o Messi-as, o Filho de Deus vivo”. Tu estás vivo e queres que vivamos. Vivamos uma vida em que os nossos desejos mais profundos se realizem e em que, juntamente, com os ou-tros construamos um mundo melhor. É verdade que tenho de aprender a lidar com o sofrimento. É verdade que é importante aprender a renunciar, em favor de um bem maior. Mas o meu objetivo último é ser feliz com os outros, fazendo também os outros felizes. Sem recorrer à violência, sem radicalismos, moralismos, ou pretensas ideias de purificação.

A felicidade passa pela liberdade. Passa por eu ser livre dos meus sentimentos mais superficiais e aleatórios, que não têm a ver com o que quero ser e passa também por ajudar os outros a serem livres.

Com a Tua vida, Jesus, tens-me mostrado que ajudar os outros é fazer com que eles descubram o seu caminho e não impor-lhes o caminho que eu acho que eles devem seguir. É isso que tens feito comigo e agradeço-te imenso.

Olhando para as diferentes imagens que os discípulos apresentaram, vejo que ainda tenho algo destas imagens de Deus em mim. Por vezes dou por mim a ir atrás de uma ascese excessiva, outras vezes tento impor a minha vontade com alguma violência e noutras aceito demais o sofrimento que vivo ou que os outros vivem, não lutando para que ele desapareça.

Ajuda-me, Jesus, a ir deitando fora estas imagens erradas que tenho de ti e a ir aprendo o que é verdadeiramente viver, que passa por me tornar livre, por aprender a tornar os outros livres e por construir, em conjunto com os outros uma sociedade mais acolhedora e misericordiosa.

Boa oração

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