O maior adversário da minha felicidade, que é ser amado e amar em cada instante, sou eu próprio.

“A medida que usares com os outros será usada também contigo”
Lucas 6, 38

“Perdoai os nosso pecados assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”
Pai Nosso


Sempre pensei nestas frases da seguinte forma: se usar uma medida generosa com os outros, essa medida vai ser usada comigo. Ou: se perdoar aos outros também a mim me será perdoado.
Deus é justo comigo!

Mas experimento-as ultimamente de uma forma nova.

E experimento que a medida que uso para julgar quem comigo se cruza é a medida que uso para me julgar constantemente. Cruzo-me na rua com a multidão e penso, sem dar por isso:

– Tem bom aspecto… Mas que género de roupa é este? Que emprego terá? Tem ar antipático… Não deve ser boa pessoa. Hum, deve ser inteligente e decidida. Tem roupas caras e um ar arrogante. Está todo de preto, deve ser antisocial.

E por aí diante. São estes os critérios para catalogar os outros. E é assim que, de forma mais subtil e subterrânea, me julgo a mim próprio. Assim como tenho dificuldade em olhar para os outros e ver apenas homens e mulheres diferentes de mim mas amados pelo Pai, também tenho dificuldade em aceitar que sou amado sem demonstrar mais nada.

As minhas faltas não me são perdoadas porque perdoo as dos outros. Eu é que posso perdoar como sou perdoado. A justiça de Deus não é a minha. Peço então a Deus que me ajude a identificar as categorias onde ponho os outros, a ver com olhos mais limpos e a deixar-me amar. O maior adversário da minha felicidade, que é ser amado e amar em cada instante, sou eu próprio.

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