«O nosso auxílio está no nome do Senhor, que fez o céu e a terra»

Senhor, é tempo de Natal. Por ventura, “toca” nos nossos corações uma maior harmonia, maior que noutros tempos do ano. Somos todos sensíveis ao Amor. O Natal é este tempo por excelência, Deus que é Amor, sentiu-se tocado e por isso, num gesto de profunda generosidade, entrega-nos o seu filho, desejando que este seu gesto seja multiplicador de muitos outros gestos de igual intencionalidade: Amar os outros! Criar fraternidade!


O Salmo de hoje (Sl 123) é um convite à confiança no Senhor, uma confiança que é libertadora e nos faz voar! Eis o convite que nos é feito:
Se o Senhor não estivesse do nosso lado, quando os homens se levantaram contra nós, ter-nos-iam engolido vivos quando a sua fúria ardia contra nós. As águas ter-nos-iam submergido, a torrente teria passado sobre nós. Então, sim, teriam passado sobre nós as águas turbulentas! Bendito seja o Senhor, que não nos entregou como presa nos seus dentes! A nossa vida escapou como um pássaro do laço de caçadores; rompeu-se o laço e nós libertámo-nos. O nosso auxílio está no nome do Senhor, que fez o céu e a terra.


Acredito que nos dias de hoje e sobretudo na região ocidental, o maior risco do Cristão é “esbater-se” na sociedade. Continua a acontecer nos tempos modernos, infelizmente, alguns cristãos se tonarem mártires em locais hostis, onde o Cristianismo é visto como uma ameaça… Ainda assim, julgo que o maior risco do Cristão é… não ser verdadeiramente cristão! A “coluna vertebral” que um mártir cristão tem que ter (e que resulta de uma profunda relação de amizade com Jesus), é porventura aquilo que nos falta… Hoje, ganha força um comportamento dual, adaptável ao momento, uma capacidade analítica, um modo marcadamente racional de olhar para as questões. Basicamente, espera-se que, perante algumas questões, não existam afirmações convictas baseadas numa certeza que não se explica, sob pena de correr o risco de retirar a liberdade a quem possa pensar de forma diferente. “Convicção” e “respeito pela opinião do outro” tornam-se matérias incompatíveis…
Em suma, é um exercício muito difícil, exigente, penoso até, hoje viver como fermento transformador e não apenas como alguém que até assume que segue a Cristo mas porque O segue, “alinha-se” com o modo de viver de outros, vivendo esbatido nos hábitos e preceitos de hoje, sem construir a partir da “mistura”, na diferença, uma forma de vida marcadamente Cristã!
Jesus não nos quer “adoradores” mas “seguidores”… A sociedade contemporânea “treina-nos” para sermos seres adaptativos, incapazes de viver o sofrimento o “adiamento da gratificação”. Senhor, ajuda-nos a construir pontes entre estas duas realidades na nossa vida!
Vivemos o Natal há 3 dias! Deixemos que o Senhor que nos habite, nos transforme, para depois transformarmos o Mundo! Escutemos a Deus, tratemos da nossa amizade com Ele, com este desejo profundo de quem experimenta que Ele, se por um lado nos salva e nos dá um sentido maior para a Vida, também nos quer livres de tudo o que nos aprisiona, quer-nos adultos capazes de tomar as opções certas nesse sentido para que não nos ficarmos por boas intenções mas marcados por autêntica generosidade!


Deus Pai, muito obrigado pela tua generosidade! Por me amares primeiro, por sonhares primeiro, por me convidares a ser generoso também! Obrigado por me convidares a que contigo construamos, dia-a-dia, uma humanidade mais feliz e fraterna!

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