O preço de ser uma pessoa plena

“Custa tanto ser uma pessoa plena, que muito poucos são aqueles que têm a luz ou a coragem de pagar o preço. É preciso abandonar a busca da segurança e correr o risco de viver com os dois braços. É preciso abraçar o mundo como um amante. É preciso aceitar a dor como condição de existência. É preciso cortejar a dúvida e a escuridão como preço do conhecimento. É preciso ter uma vontade obstinada no conflito mas também uma capacidade de aceitação total de cada conhecimento do viver e do morrer. Para quê fazer a guerra mais dura, se esta é a guerra contra si próprio. Eu fiz esta guerra durante tantos anos, foi terrível, mas agora estou desarmado. Já não tenho medo a nada, o amor destrói o temor. Estou desarmado da vontade de ter razão de justificar-me desqualificando os outros. Não estou em guarda crispado sobre as minhas riquezas, acolho, partilho, não me aferro ás minhas ideias e aos meus projectos, se me apresentam outros melhores, ou nem sequer melhores mas bons, aceito-os. Renunciei a fazer comparações, o que é bom verdadeiro e real para mim é sempre o melhor. Por isso já não tenho medo, quando já não se tem nada não se tem temor, quando nos desarmamos nos despossuímos. Se nos abrimos ao homem Deus que faz novas todas as coisas, Ele dá-nos um tempo novo em que tudo é possível, é a Paz…”
Livro “As sandálias do pescador “

“Chamando a si a multidão, juntamente com os discípulos, disse-lhes: «Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Na verdade, quem quiser salvar a sua vida, há-de perdê-la; mas, quem perder a sua vida por causa de mim e do Evangelho, há-de salvá-la. Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua vida? Ou que pode o homem dar em troca da sua vida? Pois quem se envergonhar de mim e das minhas palavras entre esta geração adúltera e pecadora, também o Filho do Homem se envergonhará dele, quando vier na glória de seu Pai, com os santos anjos.”  Disse-lhes também: «Em verdade vos digo que alguns dos aqui presentes não experimentarão a morte sem terem visto o Reino de Deus chegar em todo o seu poder.»
Marcos, 8, 34―9,1

E eu, a que me sinto chamado hoje a renunciar? O que preciso abandonar ou abraçar? O que preciso aceitar, sabendo  que enfrentar a experiência de cruz, com fé e amor, ela pode ser caminho de conversão e intimidade maior com o Senhor? Ajuda-nos assim, meu Deus, a procurar não uma vida sem cruzes e sem dificuldades, mas que estas, nos ensinem a encontrar-Te.

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