O que nos cansa?

“Vinde a Mim, todos os que andais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e a minha carga é leve.” 
Mt 11,28-30

Vivemos numa sociedade de pessoas cansadas. É frequente ouvirmos dizer (e dizermos!…): “estou estafado”, “estou de rastos”…

Falamos essencialmente dum cansaço psicológico. O cansaço físico passa com o descanso duma boa noite de sono (se conseguirmos dormir…).

Andamos cheios de cansaço psicológico, desta “opressão” de que Jesus fala… A boa notícia é que Ele nos pode ensinar o caminho para o descanso, com a sua Palavra e, sobretudo, com a sua vida!

O que nos cansa?

– Cansam-nos, certamente, as múltiplas e sucessivas solicitações e actividades de cada dia. Umas são necessárias, concerteza. Mas se calhar outras são perfeitamente dispensáveis… Às vezes, por não pararmos, nem chegamos a dar-nos conta disto… A este propósito disse Jesus à sua amiga Marta:

“Marta, Marta, andas inquieta e perturbada com muitas coisas; mas uma só é necessária.” (Lc 10,41-42)

Hoje podemos deixar que Jesus nos diga o mesmo e que nos mostre o que é verdadeiramente essencial na nossa vida e o que pode ser relativizado, ou mesmo dispensado.

– Também nos tira muita energia a apreensão com o futuro, em que há mil e uma possibilidades das coisas correrem mal. Cansa-nos a aflição antecipada com acontecimentos que muitas vezes não chegam a suceder…

Neste campo, Jesus ensina-nos a viver no presente e na confiança: “Não vos inquieteis com o dia de amanhã, porque o dia de amanhã já terá as suas preocupações. Basta a cada dia o seu problema.” (Mt 6,34)

– O peso do nosso passado, que não podemos mudar, porque já passou, também nos esgota, e muito. Felizmente, o nosso Pai consegue de tudo, mesmo do que nos parece completamente feio e inaproveitável, “fazer uma coisa nova”:

“Não vos lembreis dos acontecimentos de outrora, não penseis mais no passado, pois vou realizar algo de novo, que já está a aparecer: não o notais?” (Is 43,18-19)

– Cansa-nos o medo – da doença, da perda, do abandono, da morte. Jesus passou a vida a dizer “Não temais”. Como diz S. Paulo: “Nada nos pode separar do amor de Deus” (Rom 8,35-39), nem mesmo a morte. Acreditamos nisto? Se acreditarmos, não deixamos de passar pelo sofrimento, que faz parte da condição humana, mas podemos não ficar destroçados por dentro, podemos continuar a ser “gente feliz”, apesar das lágrimas.

– O inconformismo permanente face a uma realidade que não conseguimos mudar também pode ser extenuante. Há coisas na nossa vida, no nosso passado, nas nossas circunstâncias, no nosso corpo, nos nossos próximos, que não conseguimos mudar. Temos que aprender a aceitá-las, a abraçá-las. “Se alguém quiser seguir-Me, tome a sua cruz dia após dia”, ensina-nos Jesus (Lc 9,23). E, de facto, cansa menos abraçar o inevitável do que permanentemente pô-lo em casa e tentá-lo evitar…

Bom descanso!

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