Quem ama sofre.

Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, 
se não tiver amor, sou como um bronze que soa 
ou um címbalo que retine. 

Ainda que eu tenha o dom da profecia 
e conheça todos os mistérios e toda a ciência, 
ainda que eu tenha tão grande fé que transporte montanhas, 
se não tiver amor, nada sou. 

Ainda que eu distribua todos os meus bens 
e entregue o meu corpo para ser queimado, 
se não tiver amor, de nada me aproveita. 

O amor é paciente, 
o amor é prestável, 
não é invejoso, 
não é arrogante nem orgulhoso, 

nada faz de inconveniente, 
não procura o seu próprio interesse, 
não se irrita nem guarda ressentimento. 

Não se alegra com a injustiça, 
mas rejubila com a verdade. 

Tudo desculpa, tudo crê, 
tudo espera, tudo suporta. 
1.ª Cor 13, 1-7
Quando celebramos a memória de Nossa Senhora das Dores recordamos o amor que Maria viveu pelo Seu Filho, até às últimas consequências.
A Mãe das Dores é o modelo do amor vivido, pois quem ama sofre. 
Quem ama de verdade não faz somente aquilo que quer, mas aquilo que deve. Ás vezes somos chamados a adoptar certas posturas ou a tomar certas
decisões na vida que, humanamente, não gostaríamos de adoptar ou tomar. Mas não deixamos de o fazer, porque amamos. 
Maria teve de escutar a profecia do velho Simeão quando foi, com José, apresentar o seu menino ao templo. Profecia que a advertia do sofrimento que ia viver. Mas Maria guardava estas palavras no seu coração e meditava-as. 
Maria teve de fugir para o Egipto para salvar o menino Jesus.
Maria teve de voltar ao templo de Jerusalém (viagem que demorava um dia) para procurar Jesus que se “perdera”.
E, finalmente, Maria teve de estar junto à cruz, vendo, numa profunda dor, o seu filho ser flagelado e morto, entre ladrões. Ele que passou fazendo o bem. 
Maria não gostaria de ter passado por tudo o que passou, mas resolveu assumir a vontade de Deus, por amor, pois amar é decisão, é maturidade. Aliás, o termómetro da maturidade é a responsabilidade. Ou seja, a pessoa madura não faz o que gosta, mas o que deve.
Foi ao amor que Maria viveu que S. Paulo dedicou este hino (1.ª Cor 13) – “O amor não é egoísta, não olha o seu próprio interesse, mas o dos outros, é paciente, tudo crê, não se apressa a resolver as coisas seguindo apenas a sua ideia e vontade, mas confia em Deus. O amor é benigno, quer sempre o bem do outro, não é invejoso, está sempre satisfeito com o que tem”.
Maria viveu este tipo de amor ao dizer que sim à proposta de Deus para ser Mãe de Jesus e, também, ao aceitar João junto à cruz, como Mãe de todos os fiéis.: “Mulher, eis o teu filho”.
Neste gesto de entrega percebemos que o afecto e a relação maternal – a maternidade espiritual de Maria – concentrar-se-ão naqueles por quem o seu Filho entregou a vida. João é uma figura simbólica, dotada de personalidade corporativa, representando e personificando todos os seguidores de Jesus.

Como Maria, procuremos não permanecer nas dores da nossa vida mas contemplemos aquilo que o Senhor quer fazer em nós através delas.
Aprendamos, com Maria, a olhar não para as dores, não para os sofrimentos, mas através das dores e através dos sofrimentos. 

 

Os comentários estão encerrados.