«Se o grão de trigo, lançado à terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, dá muito fruto»

Meu querido Deus, estamos em pleno Verão e para muitos em plenas férias. Um tempo de descanso, descontracção, contemplação, festa. E que bom assim ser, pois todos estes tempos são o nosso tempo favorável, o nosso aqui e agora.


E neste tempo propões-nos uma leitura de S. João 12, 24-26, tão difícil, mas tão essencial. Vens até ao nosso coração e desconcertas-nos com a questão de fundo da nossa fé- Queremos mesmo seguir- Te? O que é que isso quer dizer nas nossas vidas, exactamente?
“Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo, lançado à terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, dá muito fruto. Quem se ama a si mesmo, perde-se; quem se despreza a si mesmo, neste mundo, assegura para si a vida eterna. Se alguém me serve, que me siga, e onde Eu estiver, aí estará também o meu servo. Se alguém me servir, o Pai há-de honrá-lo.”


Ajuda-me saber que Jesus não escolheu, para o seguir, os melhores e os perfeitos. Ajuda-me saber que Jesus me escolhe a mim, assim como sou e como estou.
Como é para mim seguir a Deus? Que condições ponho? Tem de ser de acordo com o meu esquema e agenda? Arranjo uma desculpa, adio? Quero conciliar os meus apegos e vontades com a vontade de Deus? O que me custa deixar e desapegar? O que me custa que morra em mim? A indiferença de Santo Inácio tem esta atitude de fundo: ” Senhor seja feita a tua vontade: se Tu quiseres eu fico com isto; se não quiseres eu não fico”. A indiferença exige um longo percurso. A indiferença prepara-se. É por esta atitude que vamos intuindo que o meu Eu tem que morrer para começarmos a seguir Jesus de verdade.
Podemos rezar isto com duas reflexões:
O que me eleva e aproxima de Deus? O que me faz amar mais genuinamente o outro? E aqui, eu olho para trás e tento perceber que escolhas e atitudes minhas:
– Me focaram no essencial?
– Me focaram no outro tal e qual ele é?
– Me inspiraram?
– Me comoveram e enterneceram?
– Me fizeram ver mais além?
– Me fizeram sonhar e voar?
– Me fizeram querer ser melhor e acreditar em mim? Me provocaram paz e confiança?
– Me fizeram querer ser mais doce, aberta, tolerante e acolhedora?
– Me provocaram desejo de oração e caridade?
– Me fizeram sentir livre interiormente?
– Me tornaram uma pessoa mais simples, mais solidária?
– Me fizeram ser capaz de ver o maior, e não me prender no pequeno e no erro do momento?
E, por outro lado, o que me trouxe desânimo, me afastou de Deus/ de amar o próximo?
– Conviver demais comigo próprio? Com as minhas questões, inquietações?
– Não partilhar o que sinto com Deus e procurar as respostas com a minha cabeça?
– Trabalhar demais? Ter tempo livre demais?
– Desiludir-me facilmente com os outros?
– Viver um consumismo materialista e dar importância demasiada à aparência?
– Querer ser perfeita e não errar?
– Viver pouco agradecida, cansada, queixosa?


Jesus, mesmo sabendo o que me aproxima e afasta de ti, eu quero verdadeiramente seguir-te e escolher cada vez mais aquilo que me faz amar mais e melhor. Peço que me envies a força do Espírito Santo para viver com esta sabedoria!

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