Sede pastores do rebanho de Deus, confiado a vós

Bom dia, Jesus.
As leituras de hoje apontam todas no mesmo sentido: a chamada a ser pastor e a forma de o ser. Pela minha formação, ponho-me de parte desta maneira de viver, não me vejo como pastor de quase nada. Quem sou eu para me arrogar esse direito ou obrigação? Tomara eu ser capaz de viver de forma justa e correcta, quanto mais ser modelo, ou líder, ou cuidador! Mas talvez não haja outra forma de Te seguir, principalmente nos dias de hoje, em que tantos falsos líderes se impõem.


A leitura que hoje me interpela está na 1ª Carta de São Pedro, 5, 1-4:
Caríssimos, exorto aos presbíteros que estão entre vós, eu, presbítero como eles, testemunha dos sofrimentos de Cristo e participante da glória que será revelada: Sede pastores do rebanho de Deus, confiado a vós; cuidai dele, não por coação, mas de coração generoso; não por torpe ganância, mas livremente; não como dominadores daqueles que vos foram confiados, mas antes, como modelos do rebanho. Assim, quando aparecer o pastor supremo, recebereis a coroa permanente da glória.


Gostei tanto desta carta, mas deixou-me tão abalado! São Pedro dá instruções muito claras sobre como viver esta dimensão de cuidador. Quando olho para a minha vida vejo que são muitas as situações em que Deus me chama a ser pastor. O problema é que eu não me vejo como responsável pelos outros. Sinto falta de capacidade e vocação, tenho vergonha, medo de falhar e desiludir. Estou habituado a tentar passar despercebido para poder continuar a cuidar da minha vida.
Mas mesmo que eu não me veja assim, ao ler esta carta saltaram-me à mente várias situações que me chamam a ser pastor. No trabalho, na família, entre amigos e conhecidos. Deus confia-me muita gente, chama-me a ser testemunha de vida, a tomar como meus os seus problemas. Há muito tempo fujo desta evidência, faço o que tenho a fazer sem me envolver, mantendo uma distância muitas vezes artificial, sem me responsabilizar. No fundo, limitando-me a cumprir. Por vezes deixo-me gostar mas não chego a amar.
A partir desta leitura começo a ler os Evangelhos com outros olhos, a ver como Jesus amou e Se entregou aos que Lhe foram entregues pelo Pai, começando pelos discípulos, sem desistir deles e pondo a Sua inteira confiança mesmo nos que O desiludiam. Sempre de olhos no Pai, sem Se deixar seduzir por outros estilos de liderança que não vêm do amor.
O pastor à imagem de Jesus nunca está “na sua”, não domina os outros, nem se desliga quando o seu trabalho está terminado. Aponta sempre ao Pai, é o líder que vai à frente a desbravar o caminho e atrás a acompanhar o mais lento. Só com o Espírito Santo como orientação e a força de Deus posso ambicionar a viver esta vida.


Senhor, prometo despertar realmente para esta dimensão da minha vida e parar de me esconder da Tua chamada e do interesse que os outros têm por mim e eu por eles. Com a Tua ajuda quero ligar-me, generosa e confiadamente, às pessoas que me confias e com elas caminhar em direcção a Ti.

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