Sou a figueira, sou o dono, mas também consigo ser o vinhateiro

Senhor, a pressão para entregar resultados é muito grande. Por vezes a pressão é concretizada em prazos, outras vezes em tarefas familiares que se acumulam, outras vezes é interna. Na minha gíria profissional inventou-se a palavra “entregáveis”. Cada tarefa tem um “entregável”, um prazo, e alguém que controla a qualidade do resultado. Sinto quase permanentemente que estou a dever e isto propaga-se a todas as dimensões da vida. Por isso no meio dos “entregáveis” dá-me a disponibilidade interior para me entregar a ti!


 
Hoje falas-me em Lucas 13:6-9:
Jesus disse então a seguinte parábola: «Certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha. Foi procurar os frutos que nela houvesse, mas não os encontrou.
Disse então ao vinhateiro: ‘Há três anos que venho procurar frutos nesta figueira e não os encontro. Deves cortá-la. Porque há de estar ela a ocupar inutilmente a terra?’
Mas o vinhateiro respondeu-lhe: ‘Senhor, deixa-a ficar ainda este ano, que eu, entretanto, vou cavar-lhe em volta e deitar-lhe adubo.
Talvez venha a dar frutos. Se não der, mandarás cortá-la.


Nesta parábola já fui, sou e serei todas as personagens. Sou a figueira, que sente que não merece o chão onde estou plantada, pois não vejo frutos suficientes. Também sou o dono, a exigir resultados, aborrecido porque quem trabalha ou vive comigo não me dá aquilo a que tenho direito. Mas também consigo ser o vinhateiro, que investe mais tempo, mais paciência, mais espaço, mais cuidados.

Jesus é sempre companhia e mostra-me que os frutos que procuro dar, mas também receber, podem ser importantes, mas não são o essencial da minha vida.

Mostra-me como o Pai me dá gratuitamente reconhecimento e amor que tento arrancar aos que me são próximos. E mostra-me que somos frágeis, que precisamos todos de cuidados, principalmente os que parecemos mais independentes e isolados.


Senhor, hoje quero ver a chama frágil e teimosa em cada um à minha volta. Esta chama que sente as correntes de ar e se sente muitas vezes ameaçada. Hoje quero tentar ver, não as estratégias que cada um encontra para se proteger, mas a vontade que tem de ser cuidado.

Hoje quero sentir a esperança em mim e nos outros que leva o vinhateiro a dizer “Volta daqui a um ano, talvez venha a dar frutos”

Os comentários estão encerrados.