Vou pedir ao tempo que me dê mais tempo para olhar para ti

“Enquanto estiver vivo, sinta-se vivo. 
Se sentir saudades do que fazia, volte a fazê-lo. 
Não viva de fotografias amareladas… 
Continue, quando todos esperam que desista. 
Não deixe que enferruje o ferro que existe em você. 
Faça com que em vez de pena, tenham respeito por si. 
Quando não conseguir correr através dos anos, trote. 
Quando não conseguir trotar, caminhe. 
Quando não conseguir caminhar, use uma bengala. 
Mas nunca se detenha.”

Madre Teresa de Calcutá

Depois das férias é costume sentir-me assim, como descreve a Madre Teresa: nostálgica, indolente, desanimada. 
Sinto uma grande ausência de disposição, falta de empenho e até  preguiça.
Estado que me preocupa e reconheço perfeitamente  a causa: dificuldade em rezar, em ouvir a voz que me levanta, que me dá força e ânimo.

Porquê?
Porque outras vozes são muito mais fortes e atraentes que o estar a sós com o Senhor.
Tenho posto muita coisa à frente deste encontro que é vital e deve ser prioritário no meu dia.
Como posso perceber o que Ele me quer dizer se não lhe dou espaço e tempo?
Como posso evitar enferrujar se nem me dou conta da chuva imensa que cai, sem que eu me proteja?
Dessa humidade que se agarra a nós: as preocupações, as mentiras, medos, desejos, críticas, ciúmes…

Esta  música da Mariza tem-me ajudado a entender a urgência da mudança:

“Eu sei 
Que a vida tem pressa
Que tudo aconteça 
Sem que a gente peça 

Eu sei  
Que o tempo não pára 
O tempo é coisa rara 
E a gente só repara 
Quando ele já passou

Não sei se andei depressa demais 
Mas sei, que algum sorriso eu perdi 
Vou pedir ao tempo que me dê mais tempo 
Para olhar para ti 
De agora em diante, não serei distante
Eu vou estar aqui.”

A Palavra (liturgia) deste domingo passado ajudou-me finalmente a centrar, porque questionou a minha ociosidade.
Fiquei-me sobretudo com estas 3 frases de cada uma das leituras:

“Buscai o Senhor, enquanto pode ser achado; invocai-o, enquanto ele está perto. “ Is 55,6

“O Senhor está perto da pessoa que o invoca! “ Sl 144

‘Por que estais aí o dia inteiro desocupados?’ Mt 20,6

Ficou-me o desejo sincero de pedir ao tempo que me dê mais tempo para olhar para Deus e por acréscimo para cada pessoa que gosto tanto.
Isto é, não quero perder mais oportunidades de ter/ser  luz para ver/ser  o que de verdade importa.
De agora em diante não quero estar assim “distante”, “desocupada”, “indolente”, porque o que está em jogo é muito forte: é estar perto, ou longe.
Sim, é uma questão de ouvir ou não a voz que me salva, que me reanima.
Ele convida-me a cada momento, não impõe. 
É discreto, porque seduz, anima, respeita e só quer a minha felicidade.
O seu convite é para que eu nunca me detenha, mas O siga.

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