Querido Pai, obrigado por este novo dia, por toda a novidade que ele traz. Obrigado por nos teres dado a vida, nos teres criado para a felicidade, e por nos recordares permanentemente que tudo nos é dado para construirmos a vida e saboreá-la. Por isso, hoje ajuda-me a estar atento ao que vai ser novidade neste dia, ao que vai ser detalhe teu ou de outros para mim. Ajuda-me a ter presente que me chamas não a fazer muitas coisas, mas a saborear a vida nos seus desafios. Peço-te ainda pelo mundo, por todos aqueles que hoje mais uma vez se vão entregar, no pouco e no muito, para que a vida do seu próximo e a do mundo seja melhor.
Hoje desafias-nos através de Mt 7, 21.24-27:
«Nem todo o que me diz: ‘Senhor, Senhor’ entrará no Reino do Céu, mas sim aquele que faz a vontade de meu Pai que está no Céu. Todo aquele que escuta as minhas palavras e as põe em prática é como o homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, engrossaram os rios, sopraram os ventos contra aquela casa; mas não caiu, porque estava fundada sobre a rocha. Porém, todo aquele que escuta as minhas palavras e não as põe em prática poderá comparar-se ao insensato que edificou a sua casa sobre a areia. Caiu a chuva, engrossaram os rios, sopraram os ventos contra aquela casa; ela desmoronou-se, e grande foi a sua ruína.»
Não basta ter-te como o amigo que vemos com um carinho especial, e a quem até de coração chamamos “Senhor”. O que te interessa não é o que te chamamos, mas o que efetivamente vivemos, porque entrar no Reino dos Céus não é uma crença, decorre de uma prática de vida. Por isso disseste a tantos que nem tinham uma fé judaica reconhecida que não estavam longe do Reino dos Céus: porque viviam a vontade de Deus.
Reconheço-me tocado por este teu alerta, pois para mim és alguém muito especial, mas sou também consciente de que não basta alegrar-me com as tuas palavras, preciso ir adiante e levar à pratica em comunhão contigo o que propões.
Isto supõe discernimento, trabalho interior, e ir muitas vezes contra os meus sentimentos e vontades superficiais – e, efetivamente, nem sempre estou disponível para isso. Recorrentemente me tenho lembrado de umas palavras tuas: “Sem mim nada podeis”. Experimento que caio no erro comum de querer viver a vontade do Pai pelas minhas forças e critérios. Ajuda-me, pois, Jesus, a vencer as minhas resistências interiores para ter momentos para discernir contigo a realidade e sentimentos, e depois, com a tua força, conseguir viver o que é a vontade do Pai, nos pequenos e grande atos.
Experimento ainda como dificuldade viver outras tuas palavras: “amai-vos como Eu vos amei”. É frequente deixar que a vida se torne uma sucessão de tarefas, coisas para fazer, e ficar interiormente pouco disponível para fazer as tarefas (inevitáveis) com amor e criar momentos de amor, entrega, mais explícitos, de forma menos automática, mais intencional. Senhor, por isso ajuda-me a perceber: a minha prática reflete a vontade de viver a vontade do Pai? Estou refém do que “tem de ser” e dos acontecimentos? Encaro os trabalhos, desafios e momentos de descontração como oportunidade para amar conscientemente como Tu, ser um dom do Pai para os outros?
Ofereço-te Pai este dia; que seja consciente de qual a Palavra tua que hoje me desafias a dar seguimento com a minha vida. Que esteja atento a Ela nas situações que vou viver. Que viva conscientemente acompanhado pelo teu Espírito, que me ajuda a colocar em prática as tuas palavras e a não me ficar pelas intenções.