Hoje é domingo e na Igreja celebramos o nascimento de S. João Baptista. Peço-te Senhor por todos os cristãos do mundo inteiro que hoje se reúnem em torno ao altar para escutar a tua Palavra e com o teu Pão repor as suas forças.
A primeira leitura de hoje é Jer 1,4-10:
No tempo de Josias, rei de Judá, o Senhor dirigiu-me a palavra, dizendo: «Antes de te formar no ventre materno, Eu te escolhi; antes que saísses do seio de tua mãe, Eu te consagrei e te constituí profeta entre as nações». Então eu disse: «Ah, Senhor Deus, mas eu não sei falar, porque sou uma criança». O Senhor respondeu-me: «Não digas: ‘Sou uma criança’, porque irás ao encontro daqueles a quem Eu te enviar e dirás tudo quanto Eu te mandar dizer. Não tenhas receio diante deles, porque Eu estou contigo, para te salvar – diz o Senhor». Depois o Senhor estendeu a mão, tocou-me na boca e disse-me: «Eu ponho as minhas palavras na tua boca. Hoje dou-te poder sobre os povos e os reinos, para arrancar e destruir, para arruinar e demolir, para edificar e plantar».
Como nascem os profetas?
Um profeta nasce de uma escolha de Deus. O profeta não se faz a si mesmo, um profeta descobre-se escolhido e enviado por Deus para comunicar uma palavra que não é sua mas que foi colocada na sua boca.
Qualquer profeta se sente pequeno ante tão grande missão. Mas àquele que chama, Deus insiste:
“Não digas: ‘Sou uma criança’, porque irás ao encontro daqueles a quem Eu te enviar e dirás tudo quanto Eu te mandar dizer. Não tenhas receio diante deles, porque Eu estou contigo, para te salvar”.
João Baptista terá escutado esta promessa de Deus e certamente brota daí a força do seu anúncio. Conhecemo-lo como uma figura carismática, um tanto ou quanto radical no seu discurso, alguém inconformado com uma religiosidade dos mínimos, de repetição de práticas e preceitos de pureza que no fundo já não transformavam o coração. João vai procurar uma alternativa, e o que faz é propor um novo começo. Vai para o rio Jordão, onde tudo começou, onde se inaugurou a história do povo de Israel como povo livre, e propõe um baptismo de conversão. E ao que parece João não estava só neste desejo de liberdade. Eram muitos os que ali vinham escutar com ânsia as suas palavras, a sua promessa…
Gosto de pensar que cada um de nós, cristãos, somos em certo sentido profetas. Também o Senhor tocou a nossa boca para sermos expressão do seu Amor. Neste sentido, vêm muito a propósito as palavras do Papa Francisco na sua última exortação apostólica:
“Oxalá consigas identificar a palavra, a mensagem de Jesus que Deus quer dizer ao mundo com a tua vida. Deixa-te transformar, deixa-te renovar pelo Espírito para que isso seja possível, e assim a tua preciosa missão não fracassará. O Senhor levá-la-á a cumprimento mesmo no meio dos teus erros e momentos negativos, desde que não abandones o caminho do amor e permaneças sempre aberto à sua ação sobrenatural que purifica e ilumina.”
Ajuda-me Senhor a não abandonar o caminho do amor. Purifica-me e ilumina-me para que também eu possa descobrir a palavra que queres dizer ao mundo com a minha vida.