Feliz Natal com este imenso Deus que Se faz pequeno pelo Seu grande amor.

Se nos perguntamos porque oramos encontramos muitas causas, das quais hoje quero referir uma: tentar desmistificar um pouco o grande mistério de Deus.
Há uma fábula que me ajuda muito entender o mistério do Natal, e também o da Páscoa.      

Havia um principezinho, que além de ter tudo, tinha ainda o direito a pedir um desejo extra, o qual lhe seria concedido por uma fada. O principezinho costumava brincar no jardim e um dia reparou num carreiro de formiguinhas. Continuando atento, mais tarde notou que aquele era o caminho que o jardineiro costumava fazer e que, sempre que ele lá passava, pisava as formiguinhas e matava algumas. Como se sentiu muito incomodado com esse facto, tentou conversar com as formigas, num esforço de as fazer entender que deviam mudar de rumo. Foi assim que o menino deixou de brincar para passar o tempo a dizer às formigas que se desviassem daquele caminho. Mas, por mais que o menino falasse, nada mudava, porque as formigas não percebiam a sua linguagem, como é óbvio. 
Chegou o dia em que a fada apareceu disposta a conceder ao menino o desejo a que ele tinha direito. Mal a fada chegou, o menino, aflito, pediu-lhe que o transformasse em formiga. A fada ficou estupefacta com aquele pedido, que levaria o menino a renunciar a tudo o que possuía, para se transformar numa formiga. Perante a resistência da fada, que não entendia como é que o menino deixava tudo para descer à condição de formiga, ele, muito convicto da sua decisão, explicou o que se estava a passar: que as formigas tinham de mudar o rumo da sua vida, porque o jardineiro todos os dias matava algumas e que elas não ouviam os seus apelos nesse sentido, porque não entendiam a sua linguagem. Só transformando-se numa formiga, é que poderia comunicar com elas. Perante esta explicação, a fada teve de lhe conceder o desejo, que sendo muito rico, se transformou numa simples formiga. O menino, já como formiga, foi para o meio das outras formigas e começou e falar: ”Amigas não vão por aí, porque vem um homem que vos pisa e vocês morrem”. Sendo ignorado, o menino-formiga, cada vez mais empenhado, gritava: “Amiguinhas não vão por aí, porque morrem!”. Mas elas não o escutavam. Até que uma se interrogou: “Quem é aquela serigaita, que ainda agora chegou e já quer ser chefe?” E, puxando de uma arma, matou-a.

Porque me toca esta fábula? Porque tal como Jesus, o menino desceu da sua gloriosa condição para entrar no quotidiano de um ”povo”, numa dimensão completamente redutora, porque este processo doloroso era o único caminho para o salvar. Mas o “povo”, que  primeiro o ignorou, sentiu depois o seu próprio poder a ser posto em causa. E  tendo ele mostrado determinação na Sua missão, acabou por ser aniquilado. Do mesmo modo, o Senhor que responde a um povo, que, em crise, esperava um chefe político (rei). Mas Ele tinha, e tem, a consciência de que a resposta para o mundo, naquele tempo e através de todos o séculos, só podia ser a de um rei ao serviço do amor, o que exigia um abandono da Sua condição divina.
 
Feliz Natal com este imenso Deus que Se faz pequeno pelo Seu grande amor.

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