“Irmãos: Vós sabeis em que tempo estamos: chegou a hora de nos levantarmos do sono. A noite vai adiantada e o dia está próximo. Abandonemos as obras das trevas e revistamo-nos das armas da luz.”
Rom 13, 11-12
No primeiro Domingo do Advento fomos convidados a rezar com esta leitura de S. Paulo. Diz-nos ele, nosso irmão mais velho, apaixonado por Jesus e pelo Seu Reino:
Irmãos: Vós sabeis em que tempo estamos.
E, de facto, vivemos tempos difíceis, tempos de crise, a vários níveis: Crise económica (que ainda está a começar e já está a fazer tantas vítimas… Conhecem algumas? Rezem por elas.). Crise social (O estado social está em perigo; talvez não haja condições para se manter como tem sido até agora… E quem serão as vítimas disso? Sempre os mais fracos, os mais indefesos…). Crise de valores (cada vez mais o individualismo, o comodismo, o hedonismo, o consumismo têm a palavra, também nas nossas vidas e nas dos nossos mais próximos e também a nível macro, entre grupos sociais, entre países, entre continentes… Conseguem lembrar-se de exemplos disso?). Crise conjugal (Tenho bons amigos, casados há muitos anos, cujo casamento está por um fio. E vocês?). Crise ecológica (A humanidade não se consegue organizar para combater o efeito estufa como tem que ser feito. Ainda no tempo da nossa vida e certamente da dos nossos filhos, vamos pagar caro por isso…)
De facto, A noite vai adiantada…
No entanto, ao mesmo tempo, o dia está próximo! Ao mesmo tempo em que todas estas realidades horríveis vão acontecendo, o Reino de Deus já está no meio de nós! Há portanto esperança! Precisamos que Deus nos convença disto! De que há saída. De que a injustiça não é a última palavra. Jaime Bonnet, fundador da Verbum Dei, dizia que “rezar é deixar que o Senhor nos convença de que aquilo que a Sua palavra diz é verdade”. Peçamos hoje ao Pai, a Jesus e ao Espírito que nos convençam de que há saída para esta crise.
Certamente que nos dirão: “Há saída,sim, mas está também nas tuas mãos!…”
Chegou a hora de nos levantarmos do sono.
Em tempos de crise não podemos continuar alienados, à espera que outros façam por nós. Há que colocar mãos à obra, por a nossa parte na resolução dos vários problemas que surgem à nossa volta. Mas como?
Diz-nos S. Paulo:
Abandonemos as obras das trevas.
Há que deixar de contribuir para os problemas e começar a fazer parte da solução. Há que deixar de ser individualista, hedonista, comodista, consumista…Como será isso, nas crises concretas em que estamos mergulhados? E com que força podemos contar para resistirmos à tendência generalizada?
Revistamo-nos das armas da luz, que são os frutos do espírito (amor, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, auto-domínio. Gl 5,22-23). Precisamos mesmo destas armas, não acham?
O que nos vale é que, neste aspecto, temos a vida facilitada. Porque não temos que ser nós a auto-revestirmo-nos. Basta que nos ponhamos a jeito, para que o Espírito Santo faça em nós o que tem que ser feito.
Diz-nos Jesus: Se vós sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o Pai do Céu dará o Espírito Santo àqueles que lho pedem! Lc 11,9.13
Ou então, como está no Livro do Apocalipse: Olha que Eu estou à porta e bato: se alguém ouvir a Minha voz e abrir a porta, Eu entrarei na sua casa e cearei com ele e ele comigo. Ap 3,20
Mas será que Lhe abrimos a porta? Que tempo Lhe temos dado para que actue em nós? Estamos dispostos a dar-Lhe mais tempo, neste Advento? Marcar uma hora, todos os dias, para rezar? Inscrevermo-nos num retiro? Não se esqueçam de que chegou a hora de nos levantarmos do sono.
Vamos a isso?