Jesus foi para o Monte das Oliveiras. De madrugada, voltou outra vez para o templo e todo o povo vinha ter com Ele. Jesus sentou-se e pôs-se a ensinar. Então, os doutores da Lei e os fariseus trouxeram-lhe certa mulher apanhada em adultério, colocaram-na no meio e disseram-lhe: «Mestre, esta mulher foi apanhada a pecar em flagrante adultério. Moisés, na Lei, mandou-nos matar à pedrada tais mulheres. E Tu que dizes?» Faziam-lhe esta pergunta para o fazerem cair numa armadilha e terem de que o acusar. Mas Jesus, inclinando-se para o chão, pôs-se a escrever com o dedo na terra. Como insistissem em interrogá-lo, ergueu-se e disse-lhes: «Quem de vós estiver sem pecado atire-lhe a primeira pedra!» E, inclinando-se novamente para o chão, continuou a escrever na terra. Ao ouvirem isto, foram saindo um a um, a começar pelos mais velhos, e ficou só Jesus e a mulher que estava no meio deles. Então, Jesus ergueu-se e perguntou-lhe: «Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?» Ela respondeu: «Ninguém, Senhor.» Disse-lhe Jesus: «Também Eu não te condeno. Vai e de agora em diante não tornes a pecar.»
O que à primeira vista pensamos:
“Outra vez esta leitura…?” Poderá este ser um pensamento que nos ocorra a qualquer um de nós, por diversas razões, ao relermos esta leitura. Mas também poderá ser que o Senhor nos queira surpreender e dizer algo mais.
Imbuído assim deste espírito, surgiu o desafio do Senhor em ir mais fundo e ir para além daquilo que estava a ver naquele momento.
A leitura começa por dizer que “Jesus foi para o Monte das Oliveiras”. Um local que surge mais do que uma vez na bíblia, talvez o privilegiado de Jesus para rezar… Detive-me aqui e logo o Espírito me conduziu: E qual é o lugar que mais te ajuda a dialogar com o Senhor? O lugar era assim tão importante para Ti, Jesus? E porque precisavas de te retirar para falar com o Pai?
No parágrafo seguintes (três a cinco) os doutores da Lei e os fariseus levam a mulher adúltera à presença de Jesus. E porquê? Talvez porque vêm em Jesus algum tipo de referência. E isto levou-me á palavra “poder”, pois quando somos referência, é-nos reconhecido algum tipo de poder, de algo distintivo.
Basta a simples possibilidade de: poder ouvir ou virar costas; deixar o outro falar ou simplesmente cortar o seu discurso; argumentar para ter razão ou decidir “colocar-me nos sapatos do outro”, ficar na minha posição ou arriscar descobrir o diferente que vem do outro… Será que me apercebo dos “poderes” que tenho no meu dia-a-dia? Na família? No trabalho? Com os amigos?
E isto levou-me a Jesus, ao que o questionei: Que poderes tinhas tu, Jesus? Que poderes viam os outros em Ti? E o que te levou a agir daquela forma nesta leitura?
Sinto que após este momento com o Senhor, tomei uma maior consciência de que posso afetar mais do que penso os outros à minha volta. Mas o Senhor fez-me ir ainda mais fundo: E como pensas exercer esse “poder”? É que atuando de forma consciente ou de forma inconsciente passa a ser uma opção e não uma arbitrariedade.
É que inconscientemente poderei: deixar-me levar pelos acontecimentos, sentimentos e emoções, ter uma perspetiva egoísta, deixar-me seguir pelo sucesso e imagem que quero que tenham de mim.
De forma consciente, poderá passar por colocar as situações em perspetiva; saber o que quero ser e por isso cada situação insere-se nesta construção; saber que os meus comportamentos influenciam quem se encontra à minha volta na sociedade; que a forma como trato as pessoas é importante (ex.. dizer Bom dia) para o meu irmão; que aquilo que faço no trabalho tem influência na família e vice-versa, pois somos feitos de uma peça única e irrepetível…
E o Senhor continuou…: E de que forma queres exercer esse “poder”? Qual a intencionalidade que queres colocar naquilo que fazes? No tom de voz, na postura corporal, nas palavras que digo, no que deixo de dizer, no que penso,…
Enfim, será que estou disposto a que o Senhor mude a minha sensibilidade? a minha forma de ser? de amar o outro? a minha mentalidade? a minha vontade? Talvez esta fosse uma das razões porque Jesus procurava o “Monte das Oliveiras” para rezar… pois existem lugares aonde eu não chego e que preciso que seja o Senhor a lá chegar por mim, sendo certo que pelo menos tenho de alimentar esta relação…
A que me convida hoje o Senhor?