Dizem-me: «Para quê jejuar, se vós não fazeis caso? Para quê humilhar-nos, se não prestais atenção?» É porque no dia do vosso jejum só cuidais dos vossos negócios e oprimis todos os vossos empregados. Jejuais entre rixas e disputas, dando bofetadas sem dó nem piedade. Não jejueis como tendes feito até hoje, se quereis que a vossa voz seja ouvida no alto. Acaso é esse o jejum que me agrada, no dia em que o homem se mortifica? Curvar a cabeça como um junco, deitar-se sobre saco e cinza? Podeis chamar a isto jejum e dia agradável ao Senhor? O jejum que me agrada é este: libertar os que foram presos injustamente, livrá-los do jugo que levam às costas, pôr em liberdade os oprimidos, quebrar toda a espécie de opressão, repartir o teu pão com os esfomeados, dar abrigo aos infelizes sem casa, atender e vestir os nus e não desprezar o teu irmão. Então, a tua luz surgirá como a aurora, e as tuas feridas não tardarão a cicatrizar-se. A tua justiça irá à tua frente, e a glória do Senhor atrás de ti. Então invocarás o Senhor e Ele te atenderá, pedirás auxílio e te dirá: «Aqui estou!» Se retirares da tua vida toda a opressão, o gesto ameaçador e o falar ofensivo, se repartires o teu pão com o faminto e matares a fome ao pobre, a tua luz brilhará na tua escuridão, e as tuas trevas tornar-se-ão como o meio-dia. O Senhor te guiará constantemente, saciará a tua alma no árido deserto, dará vigor aos teus ossos. Serás como um jardim bem regado, como uma fonte de águas inesgotáveis. Reconstruirás ruínas antigas, levantarás sobre antigas fundações. Serás chamado: «Reparador de brechas, restaurador de casas em ruínas.»
Isaías, 58, 3- 11
Serás chamado: Reparador de brechas, restaurador de casas em ruínas! Este é o meu papel, quando o meu coração está cheio de Amor, quando me ponho a caminho.
O que gostaria eu de fazer? Qual o meu sonho? Para que serve a minha vida? O que esperam de mim?
A minha missão e a de qualquer cristão é colaborar na construção de um mundo mais justo e mais fraterno. E não tenho qualquer duvida que isto é o que me realiza.
O problema é que muitas vezes sinto que não tenho forças, que não posso mais.
Mas se for verdadeira comigo mesma, reparo que isto só acontece quando a minha relação com Deus está morna ou mesmo fria.
Nestes momentos reconheço que faço pouca oração e daí olhar muito mais para o que não posso, do que para esse horizonte onde posso tanto:
“O Senhor te guiará constantemente, saciará a tua alma no árido deserto, dará vigor aos teus ossos. Serás como um jardim bem regado, como uma fonte de águas inesgotáveis. Reconstruirás ruínas antigas, levantarás sobre antigas fundações.”
Hoje ao rezar, via a diferença, a repercussão abismal que pode ter a minha vida e ficava muito contente,
“Então invocarás o Senhor e Ele te atenderá, pedirás auxílio e te dirá: «Aqui estou!»
Se retirares da tua vida toda a opressão, o gesto ameaçador e o falar ofensivo.”
O meu papel, aquilo que devo fazer e me fará feliz passa por tentar construir um mundo mais pacífico, mais amoroso, acolhedor, humano, à minha volta e isto está ao meu alcance!
O papa Francisco tem-nos pedido que rezemos muito pela paz, pediu-nos jejum também.
O mundo precisa de paz, o Médio Oriente, as famílias, sabemos muito bem.
Para que eu possa ter paz e rezar por ela, preciso fazer o que diz o profeta Isaías e este jejum via hoje, é ter o coração cheio de um amor que fui buscar à oração, que fui buscar a esse encontro especial que deve ser diário.
Este jejum passa por anular todo o gesto ameaçador, todo o falar ofensivo, isto é, toda e qualquer forma de quebrar ou prejudicar uma relação.
Passa por “cuidar” todas elas com um olhar de amor, que sente o que falta ao outro: “se repartires o teu pão com o faminto e matares a fome ao pobre, a tua luz brilhará na tua escuridão, e as tuas trevas tornar-se-ão como o meio-dia”.
O meu pão é essa força, esse ânimo que fui buscar à oração, é esse pão de cada dia. É essa luz que brilhará no meio da escuridão que é a minha vida sem Ele. Só assim posso ver o mundo com os olhos de Deus e não com os meus.