Jesus estava a entrar em Cafarnaum, quando um oficial romano se aproximou d’Ele, suplicando: «Senhor, o meu empregado está em casa, de cama, sofrendo muito com uma paralisia». Jesus respondeu: «Eu vou curá-lo». O oficial disse: «Senhor, eu não sou digno de que entres em minha casa. Diz uma só palavra e o meu empregado ficará curado. Pois eu também recebo ordens e tenho soldados às minhas ordens. E digo a um: vai, e ele vai; e a outro: vem, e ele vem; e digo ao meu empregado: faz isto, e ele faz». Quando ouviu isto, Jesus ficou admirado e disse aos que O seguiam: «Eu vos garanto: nunca encontrei uma fé igual a esta em ninguém de Israel! Eu digo-vos: muitos virão do Oriente e do Ocidente e sentar-se-ão à mesa no Reino do Céu juntamente com Abraão, Isaac e Jacob, enquanto os herdeiros do Reino serão lançados nas trevas exteriores onde haverá choro e ranger de dentes». Então Jesus disse ao oficial: «Vai, e seja feito conforme acreditaste». E nessa mesma hora o empregado do oficial ficou curado.
Mt 8, 5-12
Gosto muito desta leitura porque me impressiona a fé do centurião. Não precisa de gestos, de provas, de palavras mágicas, de comprimidos para acreditar na cura do seu servo. Confia que a vontade de Jesus é suficiente. Noutras passagens Jesus diz mesmo “Eu quero – fica salvo” Mc. 1, 40-45.
Acho muito forte essa expressão de Jesus – eu quero. Transmite-nos uma confiança e uma esperança enorme – Ele quer sempre o meu bem e o bem para o reino. Eu não sou digno de tê-lo em minha casa mas Ele quer estar, quer salvar-me.
Há aqui uma chave de salvação – Eu não sou digno de tê-lo, mas Ele quer estar em mim e isso concretiza-se porque eu não o posso impedir de estar no meio da minha confusão interior. O meu não quero, não posso, não sou digno não é mais forte que o quero de Jesus. Esse quero – vence-me, pode vencer-me e vencer o meu não sou digno.
E o que tem isto a ver com o Advento? Muito. Ele nasce em mim mesmo que eu não me sinta digno. Eu sou livre para não o querer, mas a minha indignidade não o impede, a liberdade sim, mas o pecado e o fracasso não, de certeza.