“A Quaresma é um tempo propício para o despojamento; e far-nos-á bem questionar-nos acerca do que nos podemos privar a fim de ajudar e enriquecer a outros com a nossa pobreza. Não esqueçamos que a verdadeira pobreza dói: não seria válido um despojamento sem esta dimensão penitencial. Desconfio da esmola que não custa nem dói.”
in Mensagem do Papa Francisco para a Quaresma
Por três vezes na última semana, por três pessoas de contextos diferentes, me foi enviado este excerto. Achei que dada a insistência lhe deveria dar alguma atenção.
Experimento que chegada a Quaresma sentimos necessidade de fazer uma “dieta espiritual”, muito semelhante ao que se passa com a comida. Cometemos alguns excessos no Natal e agora é tempo de voltar à linha. Para quem já experimentou um regime alimentar, ( e há para todos os gostos !), quebrar com hábitos instalados, não é fácil, custa!
Será que é a esta dor de que nos fala o Papa Francisco? A dor que surge da mudança, da desinstalação, de reconhecer o que não fizemos bem e procurar mudar?
Por outro lado, não gostaria de pensar no despojamento da Quaresma como a moda das dietas que surgem sempre perto do verão.
Como viver esta permanente atitude de pobreza no quotidiano?
A verdadeira pobreza dói quando:
– sou capaz de calar e aceitar a opinião do outro
– partilho o que me deu tanto trabalho a conseguir
– empresto o que não quero de maneira nenhuma perder
– alguém é louvado por algo que eu fiz
– para dar, terei de optar por perder
– assumo a minha ignorância, fragilidade ….
Poderia continuar a lista e cada um de nós pode fazer a sua, talvez assim descubra onde pode viver a pobreza nesta Quaresma.
“O teu Pai, que vê no segredo, te dará a recompensa”
Mt 6
Quais são as minhas razões para os propósitos que quero viver nesta Quaresma?
Acredito e confio nas palavras de Jesus, ou procuro a recompensa nos sinais visíveis do mundo?
Como é que Jesus me convida hoje, amanhã e em todos os dias do meu quotidiano a “enriquecer os outros com a minha pobreza”?