Seguir Jesus só pode acontecer depois de descobrimos que Ele dá sentido à nossa vida, e não apenas por tradição.
Uma das coisas que acho pobre nas comunidades cristãs é a existência de uma fé em que as pessoas não se interrogam sobre aquilo em que acreditam ou sobre as suas práticas. Vivem no ritualismo, que não vai muitas vezes além de um sucessão de palavras, gestos e actos que repetem em função de uma cerimónia. Essas palavras, gestos e actos tinham um fundamento, mas frequentemente damos-lhe muita importância, sem conhecer a sua essência. Deste modo, não só ignoramos o seu sentido, como não o aprofundamos e nos vamos afastando de uma riqueza que se vai perdendo.
Há uma pequena história que me ajuda a entender esta questão dos ritualismos e da perda da sua essência.
Havia uma família que tinha uma receita, que já atravessara várias gerações: um cabrito assado que era muito bom e em que um dos requisitos fundamentais da sua confecção era, depois de temperado o cabrito, ser o mesmo dividido em dois tabuleiros para ir ao forno. Ninguém punha em causa o como e o porquê de se ter de partir o cabrito e essa era mesmo a parte fulcral da receita, que a tornava especial. Até que, alguém se interrogou, e quis saber o motivo de tal prática. Depois de uma busca, descobriu-se que a razão era simplesmente o facto de a tetravó ter um forno muito pequeno e, por isso, ter de usar os dois tabuleiros.
A nossa fé muitas vezes também não faz sentido, porque é uma fé num Senhor desconhecido e o nosso relacionamento com esse Alguém não é mais que um estereótipo, que vamos construindo, ao mesmo tempo que transportamos para Ele as nossas mediocridades, sem nos abrimos à Sua grandeza.
Que nesta Páscoa possamos descobrir que Ele dá, de facto, sentido à nossa vida.