Maria disse, então: «Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra.» “
Lc 1, 38
Eu não sou nada “Mariana”, isto é, devota de Maria. Porém nos últimos tempos tenho ouvido muito a expressão “temos de aceitar a fé dos outros”.
Estou desde janeiro a viver na ilha de São Miguel. Aqui há uma grande devoção ao “Senhor Santo Cristo”. À mesa do refeitório falava-se, a semana passada, das festas do Senhor Santo Cristo, que serão no final deste mês. Falava-se das promessas que as pessoas fazem em situações de aflição. Falava-se do que é um sacrifício para cada um. Alguém disse “Se Jesus se entregou para nos libertar, os homens deixam de ter que fazer sacrifícios” Jesus é o cordeiro de Deus. Os hebreus tinham o costume de matar um cordeiro em sacríficio a Deus, para remissão dos pecados. A morte de Jesus torna estes sacrifícios desnecessários, é o sacrifício supremo, interpretado como o maior ato de amor de Deus para com a humanidade.
A conversa foi um pouco pesada. No final do almoço alguém dizia “amanha é proibido falar do Senhor Santo Cristo”.
Por vezes lembro-me de quando trabalhava no IPO de Lisboa. Aí havia, não sei se ainda há, uma peregrinação anual a Fátima. Lembro-me de falar com uma enfermeira que me dizia também “devemos aceitar a fé de cada um”.
Maria foi a mãe de Jesus. Maria disse que sim, sem saber bem que consequências daí vinham. Somos nós capazes de dizer sim quando Deus nos pede ajuda? Temos sempre tantas justificações para não ajudar o outro, para pôr o nosso interesse primeiro.
Ontem numa vigília por Maria, estava a imaginar se Maria fosse uma mãe galinha que não deixasse Jesus sair de casa. Como deve ter sido difícil aceitar que o seu filho era de facto filho de Deus feito Homem.
Obrigada Maria pelo teu “SIM”. Ajuda-nos a dizer SIM aos outros mesmo que não percebamos as duas razões, mesmo que vão contra a nossa lógica.