“A serpente era o mais astuto de todos os animais selvagens que o SENHOR Deus fizera; e disse à mulher: «É verdade ter-vos Deus proibido comer o fruto de alguma árvore do jardim?» A mulher respondeu-lhe: «Podemos comer o fruto das árvores do jardim; mas, quanto ao fruto da árvore que está no meio do jardim, Deus disse: ‘Nunca o deveis comer, nem sequer tocar nele, pois, se o fizerdes, morrereis.’ A serpente retorquiu à mulher: ‘Não, não morrereis; porque Deus sabe que, no dia em que o comerdes, abrir-se-ão os vossos olhos e sereis como Deus, ficareis a conhecer o bem e o mal’.» Vendo a mulher que o fruto da árvore devia ser bom para comer, pois era de atraente aspecto e precioso para esclarecer a inteligência, agarrou do fruto, comeu, deu dele também a seu marido, que estava junto dela, e ele também comeu.”
Gen 3, 1-6
“Maria disse, então: «Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra.» E o anjo retirou-se de junto dela.”
Lc 1, 38
Quanta diferença entre estas duas mulheres!!
A primeira, Eva, após diálogo com a serpente, desobedece à vontade do Pai enquanto que a segunda, Maria, após diálogo com o anjo, aceita fazer a vontade do Pai, mesmo que não perceba metade da história.
Acabando de dizer isto… o que é a vontade do Pai?
Na minha vida vejo que a Sua vontade é que eu seja feliz e que aprenda quais os sabores mais subtis da vida e que não são, necessariamente, os mais imediatos. Aqueles sabores que permanecem ano após ano e que vão aumentando de intensidade ao longo do tempo. Nem sempre provêm dos alimentos mais apetecíveis à primeira vista, ou os que tenham um sabor imediato mais intenso mas são aqueles que me fazem bem, que têm a ver comigo, e que me dão VIDA.
A vontade do Pai, como Maria descobriu ao longo de toda a sua vida, são aqueles gestos que constroem paz, esperança e um mundo mais harmonioso e acolhedor, quer seja um sorriso, estar ao lado do nosso filho, quando está doente (ou, no caso de Maria, na cruz), amar o nosso esposo, ou trabalhar para que todos possam ter oportunidades de ser felizes.
Deus sabe que é isso que nos faz verdadeiramente felizes e, por isso, convida-nos a investir a nossa única vida nisto, sabendo que o dia só tem 16 horas úteis e que provavelmente viveremos 80-90 anos. Deus quer que construamos relações afectivas, intensas, profundas.
Somos livres de escolher e se quisermos podemos comer da maçã mais brilhante e apelativa, que muitos nos propõem, mas que deixa um amargo de boca, passados uns minutos de a comermos.
Mesmo assim Deus fica à espera de que, após nos darmos conta do seu sabor amargo, voltemos para Ele e descubramos, através dele, qual o próximo passo a dar para que possamos recuperar a nossa felicidade. Ele anseia e deseja que isso aconteça e espera por nós de braços abertos.
Em todo este processo Deus é activo, actuando através dos que o seguem e levantando questões, perante os acontecimentos da vida, que nos permitem voltar àquele caminho pelo qual ansiamos. Basta-nos a nós diminuir o nosso ruído interior e ouvir as vozes mais subtis, que falam ao nosso coração.
Boa oração