“Dentre a multidão, alguém lhe disse: «Mestre, diz a meu irmão que reparta a herança comigo.» Ele respondeu-lhe: «Homem, quem me nomeou juiz ou encarregado das vossas partilhas?» E prosseguiu: «Olhai, guardai-vos de toda a ganância, porque, mesmo que um homem viva na abundância, a sua vida não depende dos seus bens.» Disse-lhes, então, esta parábola: «Havia um homem rico, a quem as terras deram uma grande colheita. E pôs-se a discorrer, dizendo consigo: Que hei-de fazer, uma vez que não tenho onde guardar a minha colheita? Depois continuou: Já sei o que vou fazer: deito abaixo os meus celeiros, construo uns maiores e guardarei lá o meu trigo e todos os meus bens. Depois, direi a mim mesmo: Tens muitos bens em depósito para muitos anos; descansa, come, bebe e regala-te. Deus, porém, disse-lhe: Insensato! Nesta mesma noite, vai ser reclamada a tua vida; e o que acumulaste para quem será? Assim acontecerá ao que amontoa para si, e não é rico em relação a Deus.»”
Lc 12, 13-21
As férias são também muitas vezes alturas de maior abundância: abundância de tempo, de convívio, de actividades de lazer. Estamos convidados a aproveitar e agradecer tudo isto, aqueles que o tivermos ao nosso alcançe, mas o desafio das coisas de Deus mantém-se em aberto. Quaiquer que sejam as circunstâncias, e talvez em férias até mais que no dia a dia, porque temos mais liberdade de movimentos, há pequenas decisões que podemos tomar que fazem a diferença entre acumular tesouros para nós ou abrir o nosso coração para dar lugar aos outros no nosso tempo, nos nossos recursos, nas nossas vontades. E os outros, nesta altura, são frequentemente a nossa família mais próxima.
Pelo convívio familiar próximo que proporcionam, e que nem sempre é possível no dia a dia, as férias dão lugar a pequenos conflitos que fazem parte da rotina: onde é que se põe o chapéu de Sol, onde é que vamos passear hoje, porque é que as coisas têm de ser sempre como tu queres? Sabemos como isto é natural e como estas pequenas situações são oportunidades de demonstrar a nossa capacidade de ceder, de atender às necessidades do outro, de ser rico em relação a Deus e não amontoar para nós. Podemos não conseguir à primeira, nem todas as vezes, mas esta leitura convida-nos a não desistir do amor durante as férias, em que apesar de termos mais tempo, por vezes relaxamos um pouco na oração, e podemos ficar menos pacientes.
Ajuda-nos senhor a apreciar e agradecer a abundância que pões ao nosso alcance estas férias e embora nos seja difícil, dá-nos a capacidade de nos contentarmos com o que recebemos de ti, procurando mais fazer feliz o outro do que garantir uma felicidade para nós.