“Naquele tempo, disse Jesus aos Seus discípulos: “Em verdade, em verdade vos digo: Vós chorareis e vos lamentareis, mas o mundo se alegrará; vós ficareis tristes, mas a vossa tristeza se transformará em alegria. A mulher, quando deve dar à luz, fica angustiada porque chegou a sua hora; mas, depois que a criança nasceu, ela já não se lembra dos sofrimentos, por causa da alegria de um homem ter vindo ao mundo. Também vós agora sentis tristeza, mas eu hei de ver-vos novamente e o vosso coração se alegrará, e ninguém vos poderá tirar a vossa alegria. Naquele dia, não me perguntareis mais nada”.
Jo 16,20–23a
Nossa existência é cercada de muitos momentos de tristeza e de sofrimento.
Parece-me que quanto mais sensíveis ficamos às verdades do evangelho, mais percebemos e nos entristecemos com as contradições de nosso mundo, que levam a tanto sofrimento. Por isso, entendo quando Jesus diz que nós choraremos e lamentaremos enquanto o mundo se alegra.
Ora, as contradições são causadas, principalmente, porque não se cultiva o amor ao próximo, como foi ensinado pelo Mestre. Um amor que se traduz em serviço ao outro. Então, em muitos casos de injustiça, enquanto inúmeros choram outros se alegram, pois conseguiram as vantagens que queriam obter.
Por outro lado, devemos ter consciência de que nosso conhecimento sobre as coisas é limitado, como nos lembra Paulo, na primeira carta aos Coríntios: “Agora vemos como em espelho e de maneira confusa; mas depois veremos face a face. Agora o meu conhecimento é limitado, mas depois conhecerei como sou conhecido” (I Co 13,12).
Há, muitas vezes, uma dificuldade para identificar a causa dos males que sofremos e, não raro, somos também responsáveis por suas origens.
Percebo, na mensagem de Jesus trazida por este trecho do evangelho, que Ele deseja que trabalhemos para sair dessas situações, que não nos acomodemos utilizando expressões como “não tem jeito, foi sempre assim” ou apenas fiquemos esperando, já que Ele virá.
Jesus se utiliza da imagem da grávida que se encontra em um momento de angústia, prestes à hora do parto. Entendo que seja esse um quadro muito interessante, pois ela foi partícipe na geração da situação em que se encontra e, por outro lado, por nove meses gerou o motivo de sua alegria.
Podemos perceber nessa metáfora todo o envolvimento que Jesus deseja que tenhamos na vida que nos cerca. Que sejamos participantes das soluções, que sejamos geradores da alegria que nasce após os momentos difíceis.
Se temos dificuldades em nosso lar, em nosso ambiente de trabalho ou escola, precisamos gerar as soluções, fazer crescer em nós o que será motivo de alegria.
A metáfora também nos pode lembrar de que necessitamos gerar a Palavra de Cristo em nós. Precisamos fazê-la crescer em nosso coração. Será a partir dessas ações que continuaremos a seguir o caminho que nos levará ao encontro definitivo com Jesus, quando, então, não precisaremos perguntar mais nada, pois o veremos face a face e conheceremos toda a verdade.
Que Deus Pai nos abençoe para alcançarmos a graça da plena visão. Amém!
Família Missionária Verbum Dei, Belo Horizonte