“Escutai, ó reis, e procurai compreender; aprendei governantes de toda a terra. Prestai atenção, vós que reinais sobre as multidões e vos gloriais do número dos vossos povos! Do Senhor recebestes o poder e do Altíssimo a soberania; Ele examinará as vossas obras e sondará as vossas intenções. Sendo ministros do seu reino, não governastes com retidão, não cumpristes a lei, nem seguistes a vontade de Deus. Ele virá sobre vós, terrível e repentino, porque julga severamente os que dominam. Ao mais pequeno perdoa-se por compaixão, mas os grandes serão examinados com rigor. O Senhor de todos não teme ninguém, nem Se impressiona com a grandeza. Ele criou o pequeno e o grande e a sua providência é igual para todos; mas aos poderosos reserva um exame severo. É a vós, soberanos, que se dirigem as minhas palavras, a fim de aprenderdes a Sabedoria e não cairdes em falta. Porque os que santamente tiverem guardado as leis santas serão declarados santos e os que nelas se tiverem instruído encontrarão segura defesa. Procurai ouvir as minhas palavras desejai-as ardentemente e sereis instruídos.”
Livro de Sabedoria 6,2-11.
No Antigo Testamento não faltam apelos aos governantes para tratarem o povo com justiça, sobretudo os mais pobres. Nesta passagem fala-se de castigo severo para quem não procede assim, e tanto mais severo quanto a responsabilidade da pessoa. Noutros locais, por exemplo em Job, o povo de Israel irá fazer uma reflexão sobre como a justiça neste mundo não parece estar relacionada com a forma como procedemos: coisas más acontecem a pessoas que agem com justiça e amor e coisas boas acontecem a quem parece não ter o menor respeito por ninguém.
Jesus dirá também aos seus discípulos que entre eles não poderá ser como acontece com os governantes que se servem do povo: deve imperar um atitude de serviço e não de domínio de uns sobre outros. Depois da morte (e ressurreição!) de Jesus deixa também de ser possível olhar para Deus no registo de castigador, mas não no registo de amor e cuidado pelos mais frágeis!
Hoje em dia, com os regimes democráticos, o poder encontra-se bem mais distribuído e, nós todos, temos uma palavra a dizer sobre como são governadas as nações, quanto mais não seja na altura das eleições. Vale a pena perguntarmo-nos e perguntar ao Senhor, como olhamos para o governo do país em termos dos mais frágeis! E agora podemos fazê-lo sem medo do “fogo divino”, mas na certeza que o Senhor nos leva sempre a níveis mais profundos de amor.