Mesmo que não gostes, ama!

“Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Ouvistes que foi dito aos antigos: ‘Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo’. Eu, porém, digo-vos: Amai os vossos inimigos e orai por aqueles que vos perseguem, para serdes filhos do vosso Pai que está nos Céus; pois Ele faz nascer o sol sobre bons e maus e chover sobre justos e injustos. Se amardes aqueles que vos amam, que recompensa tereis? Não fazem a mesma coisa os publicanos? E se saudardes apenas os vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? Não o fazem também os pagãos? Portanto, sede perfeitos, como o vosso Pai celeste é perfeito».”
Mt 5, 43-48


Nesta quaresma, li um texto de um padre jesuíta que começa assim: “Jesus não nos manda gostar – manda amar. Mesmo que não gostes, ama! Tão contrário é o discurso do mundo. Amor agora significa um sentimento lamechas que faz crescer o umbigo e dura enquanto eu gosto (…) Os sentimentos vão e vêm, tantas vezes sem controlo da nossa parte. (…) Jesus Cristo não nos manda gostar de ninguém. Nem podia fazê-lo, porque não é sempre possível gostar dos outros. Jesus manda amar. Manda mesmo amar os inimigos. Não é possível gostar do inimigo. Mas, mesmo que não gostes, ama!”(P. Miguel Almeida, sj)
E este texto tem-me acompanhado nestes dias… porque é tão verdadeiro! Como esta leitura: “Se amardes aqueles que vos amam, que recompensa tereis?”, pergunta-nos o Senhor. É verdade: se fizermos assim, amarmos os que nos amam, o que nos distingue dos outros? Dos que não acreditam? Dos que não O seguem?…
Fico tantas vezes “pela rama”!… Ao nível do “gosto”, do “adoro” algumas coisas, algumas pessoas e passo ao próximo adoro…
Como sempre, hoje, desafias-me a ir mais longe, Senhor: a decidir amar, a dar mais um passo… mesmo que doloroso, porque amar é muito mais difícil e custoso do que só gostar do outro e ser simpática para todos! É ter uma mão estendida, mesmo quando o que me apetece mesmo é fechá-la…preocupar-me com o outro, mesmo quando ele não reage como eu quero, ser construtivo mesmo quando o outro tem uma atitude que eu acho mesquinha ou que me compromete… olhar os outros como verdadeiros irmãos, que caminham ao meu lado… e então rezar por todos os nossos “outros”? Eu confio muitas vezes os meus filhos, os meus pais, o meu marido, a minha revisão, os meus amigos ao Senhor, para que Ele lhes dê o consolo, o sentido, as forças, a esperança, a perseverança que eles precisam … mas serei capaz de confiar também os meus “inimigos”? Aqueles de quem não gosto particularmente ou que me são indiferentes ou que conheço de vista, de Facebook, por ex.?
O Senhor acredita que nós somos capazes de ir mais além, mas como sempre deixa-nos livres para escolher. E eu? Como decido hoje viver esta Quaresma: … a amar? Sou capaz de rezar por todos os “meus” outros? quem te quero confiar hoje, Senhor?

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