Então, o Espírito conduziu Jesus ao deserto, a fim de ser tentado pelo diabo. Jejuou durante quarenta dias e quarenta noites e, por fim, teve fome.
O tentador aproximou-se e disse-lhe: «Se Tu és o Filho de Deus, ordena que estas pedras se convertam em pães.» Respondeu-lhe Jesus: «Está escrito: Nem só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus.» Então, o diabo conduziu-o à cidade santa e, colocando-o sobre o pináculo do templo, *disse-lhe: «Se Tu és o Filho de Deus, lança-te daqui abaixo, pois está escrito: Dará a teu respeito ordens aos seus anjos; eles suster-te-ão nas suas mãos para que os teus pés não se firam nalguma pedra.» Disse-lhe Jesus: «Também está escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus!» Em seguida, o diabo conduziu-o a um monte muito alto e, mostrando-lhe todos os reinos do mundo com a sua glória, disse-lhe: «Tudo isto te darei, se, prostrado, me adorares.» Respondeu-lhe Jesus: «Vai-te, Satanás, pois está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a Ele prestarás culto.» Então, o diabo deixou-o e chegaram os anjos e serviram-no.
Mt. 4,1-11
O tempo de Quaresma é a nossa possibilidade de viver um “tempo de deserto” como viveu Jesus.
Para muitos de nós a ideia de deserto ou de tentação é pouco agradável. Mas, de facto, tal como Jesus, para nos conhecermos melhor a nós mesmos e construímos uma relação séria e próxima com Deus, precisamos do nosso “tempo de deserto”. De experimentar e de permanecermos no silêncio e na solidão, para tomarmos consciência dos nosso desejos e moções interiores, para encontrarmos Deus no mais fundo de nós mesmos.
A Quaresma não é um caminho de penitência e renúncia sem mais. Mas sim um caminho de possibilidades.
«Entendo a interioridade como esse espaço que se abre entre nós e as coisas, entre nós e as pessoas e entre nós e as nossas imagens de Deus, que permite redimensionar a qualidade da nossa existência e que tem a ver com a atenção, com a capacidade de contenção e de viver o presente. (…) A interioridade é a outra cara da exterioridade, aquela que lhe dá sabor e profundidade.»
In Javier Melloni, Búsqueda de interioridad
– O que me impede de viver este espaço de “deserto” na minha vida, ou seja de ir mais ao fundo de mim mesmo e da minha relação com Deus? Que medos tenho?
– Tenho consciência que não estou sozinho neste caminho? Que sejam quais forem fragilidades e tentações que encontre em mim, Deus também está aí e que as pode converter, caso seja esta a minha vontade?
Bom dia e boa oração!