Recordo que há uns anos perguntaram-me que pensava e que acreditava sobre “a vida depois da morte”? Lembro-me de ter feito uma síntese, para mim própria, na Páscoa daquele ano:

1- Eu não pedi, nem podia ter pedido para nascer… e foi-me dada uma vida preciosa!

2- Também não pedi a vida espiritual… nem sequer imaginava que existia para poder pedi-la! E é preciosa… o melhor presente que me podiam ter dado!!

3- A vida depois da morte? Não sei o que é, não posso sequer imaginá-la… mas posso confiar e tenho a certeza que também existe e será algo muito bom!!

Este mês tive uma experiência única do mistério pascal completo na minha vida: morte e ressurreição. Pela primeira vez estive com todos os meus sentidos e atenção ao pé de um doente. O “estar”, aprender a estar, observar e ter que adivinhar se este precisava de alguma coisa… aprender a estar, simplesmente sem dizer nada, a observar alguém tão vulnerável, sem comunicar mais do que “se precisar de algo estou aqui” e estar mesmo sem ter a mente, a atenção em algum outro lugar… sentar-me ao pé da cama e ESTAR… Isto fez-me entrar num mistério profundo do ser humano e sair dali salpicada de “MISTÉRIO”… sair completamente molhada!! E sem saber expressar de quê…

Ali, diante de alguém tão frágil, entrei completamente no mistério da vida. Conheci a força da vida. Começou a despontar em mim o grande mistério da vida que há na ressurreição.

Esta situação continuou com o falecer deste senhor e ao visitá-lo novamente, já cadáver, surgiu-me como um imenso turbilhão uma pergunta fundamental, que também jamais tinha experimentado na minha vida: “ONDE ESTÁS??”, “para onde foste?”… Tudo isto me remeteu subitamente para a experiencia de Maria Madalena naquele primeiro dia da semana: “Onde levaram o meu Senhor?”… e a “choradeira” daquela mulher… sem perceber a REALIDADE da ressurreição. É difícil que a mente e o coração parem de se perguntar: “Onde estás? Onde foste?”

Que seria de uma pessoa, de uma família, de um mundo sem estas respostas diante de um amigo? O não obter resposta a esta pergunta fundamental explica o desbarate dos discípulos.

É uma pergunta que brotou desde dentro como algo fundamental para crentes ou não crentes ao ver um amigo, um ser que morre… ali não está, “onde foste?”. ”Para onde foi?”

Sem a realidade de fé da ressurreição de Cristo que seria de nós? Como seria possível dar resposta a estas perguntas que surgem do mais íntimo do coração do homem?… e não se podem evitar. São perguntas que não deixam dormir bem, que perseguem, que inquietam, até não obterem uma resposta satisfatória.

Fez-se-me clara a alegria pascal. A necessidade e importância do anuncio… O porquê é o núcleo da nossa fé! E que esta sirva para iluminar TODA a humanidade. Fez-se claríssima a potência escondida naquela manhã de Páscoa. O porquê a ressurreição do Senhor é uma boa notícia. Desde aquele dia, qualquer ser humano tem a resposta a uma pergunta fundamental:

– Onde está?

– Não está aqui, ressuscitou! A vida continua!

Esta resposta enche de paz o coração que procura e ama!

A morte e ressurreição de Jesus faziam parte deste grande e belíssimo projecto de Deus, o de nos salvar, de trocar a morte em vida, dando um sentido a todos os momentos, até ao último: a morte. Como? Vivendo Ele tudo por diante e dando a tudo um sentido… ELE vive e por isso nós também viveremos.

Senhor OBRIGADO pela tua morte e ressurreição! Obrigado porque sabemos então que há uma porta também para nós! Muito obrigado! Há esperança para o nosso futuro! Obrigada!