A nossa fé é uma Pesssoa!

Bom dia Pai,
Agradeço este novo dia. Quero neste momento serenar por dentro, calar as várias vozes e preocupações que já me habitam, e estar estes momentos Contigo, disponível para que Tu me fales, para que Tu, meu Senhor e meu Deus, me agarres por dentro e Eu possa viver este novo dia marcado com a força do Teu Espírito. Desejo e procuro viver este dia com a novidade que ele traz, sem que as rotinas e os afazeres me impeçam de ter claro o que me move ou me façam esquecer o sentido com que me chamas a viver.


A Igreja portuguesa festeja hoje as cinco chagas do Senhor. É uma festa portuguesa, decorrente da ancestral devoção dos nossos antepassados desde o início da nacionalidade (as 5 chagas estão representadas na nossa bandeira). Daí a leitura que nos é proposta ser João 19,28-37:
“Naquele tempo, sabendo que tudo estava consumado e para que se cumprisse a Escritura, Jesus disse: «Tenho sede». Estava ali um vaso cheio de vinagre. Prenderam a uma vara uma esponja embebida em vinagre e levaram-Lha à boca. Quando Jesus tomou o vinagre, exclamou: «Tudo está consumado». E, inclinando a cabeça, expirou. Por ser a Preparação da Páscoa, e para que os corpos não ficassem na cruz durante o sábado – era um grande dia aquele sábado – os judeus pediram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas e fossem retirados. Os soldados vieram e quebraram as pernas ao primeiro, depois ao outro que tinha sido crucificado com ele. Ao chegarem a Jesus, vendo-O já morto, não Lhe quebraram as pernas, mas um dos soldados trespassou-Lhe o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água. Aquele que viu é que dá testemunho e o seu testemunho é verdadeiro. Ele sabe que diz a verdade, para que também vós acrediteis. Assim aconteceu para se cumprir a Escritura, que diz: «Nenhum osso lhe será quebrado». Diz ainda outra passagem da Escritura: «Hão-de olhar para Aquele que trespassaram».”


Somos convidados hoje a contemplar o centro da nossa fé. A nossa fé não é uma abstracção de conceitos e ideias, é uma pessoa, que viveu e fez opções que levaram a este desfecho. Esta pessoa, Jesus, é o próprio Deus, feito homem, que com a sua vida e a sua entrega nos quis dizer que temos um valor infinito para Ele, a ponto de dar a Sua vida por nós, para chegarmos a viver como filhos de Deus e não como criaturas sem sentido, entregues aos nossos impulsos e medos. Por isso, neste momento, não passemos diante desta leitura com indiferença, apesar de já a termos ouvido tantas vezes. O que mais me tocou hoje deste momento da vida de Jesus?
Nesta contemplação, saborear este momento concreto de entrega de Jesus, por cada pessoa, por mim. Isto não é uma ideia: aconteceu, S. João testemunhou este acontecimento e trouxe-o até nós…Acredito que sou tão importante para Ti, Senhor, a ponto de te deixares ir por mim? Acredito que me amas assim, incondicionalmente, nos meus avanços e recuos? Que amas assim aqueles com quem vou estar hoje?
As chagas de Jesus são a marca visível da Sua entrega, no Seu corpo, morto e ressuscitado. Amar como Ele traz consequências e marcas na vida. Que feridas trago que resultam das minhas entregas? Que feridas estou a sofrer neste momento? Ajuda-me Senhor a saber vivê-las como Tu, na esperança de que dêem o fruto desejado.


Obrigado Jesus pelas Tuas feridas, porque graças a elas sei o valor que Tu e o Pai me dão. Que eu hoje viva consciente deste valor, e que lide com os outros de modo a que se experimentem também valorizados. Que saiba suportar com firmeza as chagas de optar por amar.

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