A nossa luz brilhará na nossa escuridão

“Eis o que diz o Senhor: «Reparte o teu pão com os esfomeados, dá abrigo aos infelizes sem casa, atende e veste os nus e não desprezes o teu irmão. Então, a tua luz surgirá como a aurora, e as tuas feridas não tardarão a cicatrizar-se. A tua justiça irá à tua frente, e a glória do SENHOR atrás de ti. Então invocarás o SENHOR e Ele te atenderá, pedirás auxílio e te dirá: «Aqui estou!» se repartires o teu pão com o faminto e matares a fome ao pobre, a tua luz brilhará na tua escuridão, e as tuas trevas tornar-se-ão como o meio dia.”
Is 58, 7-10

 

A solidariedade e a justiça são elementos fundamentais no projeto de Deus para cada um de nós. Não nos podemos chamar realmente cristãos quando ignoramos as dificuldades dos que estão ao nosso lado.

A sociedade evolui muito desde o tempo de Isaías e, hoje em dia, “matar a fome ao pobre”, não pode ser apenas providenciar o alimento para mais uma refeição (embora não possamos descurar esta parte, obviamente). A maioria de nós tem acesso a informação que nos permite ir percebendo as causas da pobreza e da exclusão.

O Papa nesta última exortação, avança alguns pontos que não podemos ignorar. Um deles (pois há muito mais) é o n. 54:

“Neste contexto, alguns defendem ainda as teorias da «recaída favorável» que pressupõem que todo o crescimento económico, favorecido pelo livre mercado, consegue por si mesmo produzir maior equidade e inclusão social no mundo. Esta opinião, que nunca foi confirmada pelos factos, exprime uma confiança vaga e ingénua na bondade daqueles que detêm o poder económico e nos mecanismos sacralizados do sistema económico reinante. Entretanto, os excluídos continuam a esperar. Para se poder apoiar um estilo de vida que exclui os outros ou mesmo entusiasmar-se com este ideal egoísta, desenvolveu-se uma globalização da indiferença. Quase sem nos dar conta, tornamo-nos incapazes de nos compadecer ao ouvir os clamores alheios, já não choramos à vista do drama dos outros, nem nos interessamos por cuidar deles, como se tudo fosse uma responsabilidade de outrem, que não nos incumbe. A cultura do bem-estar anestesia-nos, a ponto de perdermos a serenidade se o mercado oferece algo que ainda não comprámos, enquanto todas estas vidas ceifadas por falta de possibilidades nos parecem um mero espetáculo que não nos incomoda de forma alguma.”

Precisamos de os ler, rezar, partilhar, discutir e, sem dúvida, agir. 
Então a “nossa luz brilhará na nossa escuridão, e as nossas trevas tornar-se-ão como o meio-dia”.

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