Não fui à Conferência com D. Manuel Clemente, com muita pena, mas como para Deus o “tempo e o lugar”, não são os nossos, hoje li e rezei com o tema:” A alegria do evangelho”.
Esta exortação apostólica do Papa Francisco já me tinha chegado às mãos, tinha rezado vários pontos, mas hoje, especialmente, ajudou-me a entender como devemos estar agradecidos, felizes.
Sim, todos nós, vivendo qualquer situação que nos possa tocar viver, temos tudo para nos sentirmos radiantes de alegria.
Diz assim o Santo Padre:
“…Mas o convite mais tocante talvez seja o do profeta Sofonias, que nos mostra o próprio Deus como um centro irradiante de festa e de alegria, que quer comunicar ao seu povo este júbilo salvífico. Enche-me de vida reler este texto: «O Senhor, teu Deus, está no meio de ti como poderoso salvador! Ele exulta de alegria por tua causa, pelo seu amor te renovará. Ele dança e grita de alegria por tua causa» (3, 17). É a alegria que se vive no meio das pequenas coisas da vida quotidiana, como resposta ao amoroso convite de Deus nosso Pai: «Meu filho, se tens com quê, trata-te bem (…). Não te prives da felicidade presente» (Sir 14, 11.14). Quanta ternura paterna se vislumbra por detrás destas palavras!”
A mim também me “enche de Vida” poder rezar assim. Saber que, embora haja ainda algumas questões que nos dividam (nas relações que nos tocam viver), embora haja momentos de stress, discussão e palavras azedas, há muitas razões para Deus estar feliz por nossa causa: Está feliz por cada um de nós. Sim, por minha e por tua causa. Porque lhe damos motivos para se orgulhar, como eu como mãe e qualquer pai se pode sentir: muito orgulhosos pelos filhos, pela família que temos. Pelos progressos, pelas vitórias, pela aceitação dos fracassos. Pela companhia nos momentos tristes. Pela maturidade que cada um a seu jeito vai mostrando e pela paciência que temos uns pelos outros, é a tal “ alegria que se vive nas pequenas coisas da vida quotidiana”.
“Ele dança e grita de alegria por tua causa.”
Hoje, a rezar, também me enchia de alegria e sentia que não nos podemos privar de reconhecer tudo isto e muito mais!
Principalmente essa ternura de Deus Pai que nos diz: “Se tens com quê, trata-te bem, não te prives da felicidade presente.” Às vezes zango-me comigo mesma por não conseguir aquela harmonia, aquela paz que gostaria de sentir comigo mesma e em família. Por perder a paciência por dá cá aquela palha e dizer o que não devo, arrependendo-me logo a seguir. Por me deixar enganar por muitas vozes que me despistam: o consumismo, a eficácia, o perfeccionismo, a vaidade, o orgulho…
E é verdade que nunca podemos perder o horizonte, o desejar a paz. O deixar-nos tocar pelo sofrimento, a solidão, ou a necessidade do outro. O tentar criar relações estáveis, tranquilas. Mas que bom podermos dizer hoje que nada nos falta, que temos todas as razões para viver Felizes. Talvez não materialmente, ou familiarmente também ainda estejamos a crescer para relações mais saudáveis, mas essencialmente no campo espiritual, que maravilha podermos “hoje” dizer que nada nos falta, porque nos sentimos bem, em paz, tranquilos, ao colo do Pai.
Por isso hoje, vamos agradecer tudo isto e pedir que esta alegria esteja sempre presente nas nossas vidas. E que nos dias nublados, em que haja razões de preocupação ou tristeza, possamos ter esta certeza e este eixo: “O Senhor está no meio de ti como poderoso salvador.”
Portanto nada nem ninguém me poderá tirar esta fé, ou esta postura de vida.
No fundo, pedia que isto nos acompanhasse por toda a nossa vida!