Eu, Tobite, andei sempre pelos caminhos da verdade e da justiça, durante todos os dias da minha vida, dando muitas esmolas aos meus irmãos, os da minha nação que comigo tinham sido levados cativos para a terra dos assírios, em Nínive. Quando ainda vivia na minha pátria, na terra de Israel, no tempo da minha juventude, toda a tribo de Neftali se afastou da casa de David, meu pai, e de Jerusalém, a única cidade escolhida entre todas as tribos de Israel para se oferecer sacrifícios por todas elas. Nela foi edificado o templo, onde Deus habita, o qual foi consagrado para todas as gerações futuras. Todos os meus irmãos, assim como a casa de Neftali, meu pai, ofereciam sacrifícios sobre todas as montanhas da Galileia, ao bezerro, que Jeroboão, rei de Israel, mandara fazer em Dan. Eu, porém, era o único que ia muitas vezes a Jerusalém, durante as festas, conforme está ordenado a Israel por preceito eterno. Eu ia a Jerusalém levando as primícias, os dízimos das colheitas e as primeiras lãs das ovelhas e entregava tudo aos sacerdotes, filhos de Aarão, diante do altar. Eu entregava o dízimo do trigo, do vinho, do azeite, das romãs, dos figos e dos demais frutos, aos filhos de Levi em função em Jerusalém. Durante seis anos, eu converti o segundo dízimo em dinheiro, e ia gastá-lo cada ano em Jerusalém. O terceiro dízimo, eu destinava-o aos órfãos, às viúvas e aos prosélitos que se tinham juntado aos filhos de Israel. Dava-o de três em três anos, e consumíamo-lo conforme o preceito da lei de Moisés e as recomendações de Débora, mãe de Ananiel nosso pai, pois que meu pai, morrendo, me tinha deixado órfão.
Tob 1, 3-9