«Aquele que cometer ofensas contra o Espírito Santo nunca mais será perdoado»

Bom dia, Amigo Jesus! Que bom ter este tempo, cada dia, em que posso deixar-me influenciar por ti, pelo teu modo de ser, pelas tuas ideias, pela tua Palavra, pelo teu Espírito!


A leitura de hoje tem muitos personagens: a multidão dos que rodeavam Jesus, o que queriam e conseguiam por estar perto dele, a sua família que o tomou como desvairado, os sempre presentes doutores da Lei. Vamos ver, no evangelho de São Marcos, capítulo três, versículos três ao vinte, como se colam nas nossas vidas:
Noutra ocasião, Jesus entrou numa casa e mais uma vez o povo que lá se juntou era tanto que eles nem sequer podiam comer um pouco de pão. Quando os familiares de Jesus souberam disso foram buscá-lo, pois havia quem dissesse que ele perdera o juízo. Os doutores da lei que tinham vindo de Jerusalém diziam: «Está feito com Belzebu.» Outros diziam: «É em nome do chefe dos demónios que ele expulsa os demónios.» Então Jesus chamou toda aquela gente para junto de si e propôs-lhes estas parábolas: «Como pode Satanás expulsar Satanás? Um país dividido em grupos que lutem entre si acabará por se arruinar. Da mesma maneira, uma família dividida contra si mesma não conseguirá resistir. Ora se Satanás lutar contra si próprio, e o seu reino se dividir, então não resistirá; será o seu fim. Ninguém pode entrar na casa dum homem forte e roubar os seus bens sem primeiro o amarrar. Pois só assim poderá roubar a casa. Lembrem-se disto: Deus perdoa tudo, tanto os pecados como as palavras contra ele próprio, quaisquer que sejam. Mas aquele que cometer ofensas contra o Espírito Santo nunca mais será perdoado. É culpado de pecado eterno.» Jesus disse isto por alguns terem afirmado: «Ele está possuído por um espírito mau.»


As vozes do início da leitura, família, multidão, e depois os doutores da Lei, lembram-me as opiniões dos comentadores, apresentadores de programas da manhã e da tarde, celebridades e frequentadores das caixas de comentários dos jornais e Facebook, sempre prontos a classificar e julgar sem entrar a fundo na natureza do outro. Porque somos assim? Queremos arrumar os assuntos depressa, opinar rapidamente para não ter de ficar nesta posição de dúvida, de escuta atenta. Quando aguardo, sereno, não fico perdido, não fico fraco, não fico de fora. A doutrina da Igreja não é ter a resposta para tudo, mas afirmar que vivemos em Mistério. Que somos ignorantes dos caminhos de Deus, mas temos uma só certeza, que se pode exprimir de muitas formas, como esta: “Deus é Senhor da Vida e da Morte e desde antes de nascemos até sempre estamos na Sua mão”. E quando temos esta certeza podemos aguardar, olhar o outro, amar na incerteza.
Jesus, por outro lado, é muito claro “Ninguém pode servir a dois senhores”. E se eu tento viver duas vias! A que me parece óbvia, das respostas evidentes, do compromisso com o possível, entre a preguiça inconsequente e a resposta ao chamamento que no dia a dia mal se ouve, entre a emoção do momento e a pouca consciência da transcendência de ser amado por Deus desde o princípio dos tempos. Entre o despachar dos encontros com os colegas de trabalho, ou os alunos, para saltar para o compromisso seguinte e a possibilidade de que aquele encontro seja decisivo nas nossas vidas.


Parece-me, Jesus, que nos queres a viver unificados, sempre na presença do teu Espírito, todos os momentos da nossa vida embebidos na mesma trama. E que em cada olhar tenhamos a consciência de que vemos e somos vistos pelo Pai. Que assim seja. De facto.

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