Se pegarmos quer no Antigo Testamento encontramos muitas promessas feitas a Noé, a Abraão, a Moisés … Numerosos profetas prometeram a vinda de um salvador, o anjo Gabriel prometeu a Maria um filho de Deus, Jesus prometeu um novo Reino… João Evangelista promete um novo Céu e uma nova Terra.
Encontramos assim histórias e pessoas que acreditaram no que não viam, no que nem sequer compreendiam (nem sei se estaria ao seu alcance), que viviam com Esperança (?) Destaco Maria apenas como exemplo…
Hoje, neste mundo e realidades concretas parece-me que tentamos sempre dar um sentido palpável e até credível à Esperança – esperar algo que vá ao encontro das minhas expectativas e necessidades. Esperamos que tudo corra bem, que a crise passe, os políticos se estendam e iluminem, as greves acabem, o dinheiro se multiplique, os trabalhos se tornem mais gratificantes, as relações afectivas mais lineares, a maternidade mais repousante, as férias mais longas e confortáveis. Queremos soluções rápidas para problemas concretos e viver em comunidade e em família parece-me tem muitas vezes a vantagem de nos ajudar a encontrar mais rapidamente respostas, sentidos, alternativas, justificações e a sensação que tudo se resolverá!
Às vezes parece que a Esperança se mistura com a ingenuidade ou o optimismo e que é algo fútil. Afinal há tantos “podres” à nossa volta, como é possível ter Esperança e no quê?
Mas será isso a Esperança? O que é viver com Esperança como Maria? O que é esperar um novo Céu e uma nova Terra? Será humanamente possível e ao alcance de todos?
Estou convencida que sim… que a Esperança é um sinal de Fé e que muitas vezes desleixamos a nossa fé. Não investimos, não nos educamos, não damos espaço nem tempo suficientes para a fé ser um eixo constante na nossa vida.
Ter Esperança é conviver com um Deus Vivo e acreditar profundamente neste mistério sem o compreendermos. É deixarmos de querer controlar, materializar e compreender tudo o que se passa na nossa vida e nosso mundo. É deixarmos Deus ser Deus. Acho que foi isso que Maria fez … Acreditou, viveu na pele a experiência de um Deus vivo que ela não sabia explicar nem justificar. Alimentou esta relação com Deus, tornando-a íntima, exclusiva, concreta, diária, transversal a todas as dimensões da sua vida. Assim, passou a viver com os pés na Terra e o coração no Céu. Viveu a Esperança, se calhar
sem lhe dar nome e foi e é hoje um sinal de Esperança no nosso Mundo.