“Quando se punha a caminho, alguém correu para Ele e ajoelhou-se, perguntando: «Bom Mestre, que devo fazer para alcançar a vida eterna?» Jesus disse: «Porque me chamas bom? Ninguém é bom senão um só: Deus. Sabes os mandamentos: Não mates, não cometas adultério, não roubes, não levantes falso testemunho, não defraudes, honra teu pai e tua mãe.» Ele respondeu: «Mestre, tenho cumprido tudo isso desde a minha juventude.» Jesus, fitando nele o olhar, sentiu afeição por ele e disse: «Falta-te apenas uma coisa: vai, vende tudo o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no Céu; depois, vem e segue-me.» Mas, ao ouvir tais palavras, ficou de semblante anuviado e retirou-se pesaroso, pois tinha muitos bens”
Mc 10, 17-22
Jesus, coloca as pessoas em crise, pendentes de uma decisão sua. Crise é uma escolha.
O Contraste entre viver ao jeito de Jesus e viver ao jeito do mundo muda completamente as nossas vidas. Mesmo num mundo que em alguns aspectos até pode estar bem arrumado.
Elogiar a crise também é um discurso contra corrente. Vivemos num tempo em que demonizamos a crise. A crise não tem qualidade nenhuma. A crise não se vai resolver rapidamente, e temos culturalmente pouca disponibilidade para escutar a crise. A crise que é um austero mestre silencioso.
Precisamos de escutar e acolher as crises de outra de maneira. Desde as crises de fé, até às crises económicas. A crise é um momento privilegiado de oscultação, de conhecimento, que nos desafia a conhecermo-nos a nós próprios. A crise como um momento de viragem na nossa vida. Não apenas como um momento difícil. A crise pode dizer-nos tantas coisas.
Temos de conseguir olhar para a crise de outra forma e perceber o papel pedagógico que a crise tem. Ajuda-nos a sair do imaginário. Dá-nos um leitura purificadora da nossa vida.
A crise obriga-nos a repensar a nossa vida. Não a devemos comparar as crises interiores às grandes crises (a fome, a sede e a morte de se espalha pelos cantos mais pobres do mundo).
A crise é fundamental no processo de autoconhecimento. É o momento em que nos aparecemos a nossa própria consciência. E por vezes não somos aquilo que gostávamos de ser. Que a vida não é aquilo que imaginamos. É o contraste entre a minha imaginação e a minha realidade.
Somos tão misteriosos que não nos intendemos, não nos conhecemos. Somos um enigma para nós mesmos. Não nos conseguimos conhecer totalmente.
É na aceitação que potenciamos a nossa própria vida.