Exulta de alegria, estéril, tu que não tinhas filhos,
entoa cânticos de júbilo, tu que não davas à luz,
porque os filhos da desamparada
são mais numerosos do que os da mulher casada.
É o Senhor quem o diz.
Alarga o espaço da tua tenda,
estende sem medo as lonas que te abrigam,
e estica as tuas cordas, fixa bem as tuas estacas,
porque vais aumentar por todos os lados.
Os teus descendentes possuirão as nações,
e povoarão cidades desertas.
Não tenhas medo,
porque não voltarás a ser humilhada.
Não te envergonhes,
porque não voltarás a ser desonrada.
Esquecer-te-ás da vergonha do teu estado de solteira,
e não te lembrarás da desonra da tua viuvez.
Com efeito, o teu criador é que é o teu esposo,
o seu nome é Senhor do universo.
O teu redentor é o Santo de Israel,
chama-se Deus de toda a terra.
O Senhor chamou-te novamente
como a uma mulher abandonada e angustiada.
Na verdade, como se pode repudiar a esposa da juventude?
É o teu Deus quem o diz.
Por um curto momento Eu te abandonei,
mas, com grande amor, volto a unir-me a ti.
Num acesso de ira, e por um instante,
escondi de ti a minha face,
mas Eu tenho por ti um amor eterno.
É o Senhor teu redentor quem o diz.
Vou agir como no tempo de Noé:
jurei que nunca mais o dilúvio se abateria sobre a terra.
Do mesmo modo, juro nunca mais me irritar contra ti,
nem te ameaçar.
Ainda que os montes sejam abalados e tremam as colinas,
o meu amor por ti nunca mais será abalado,
e a minha aliança de paz nunca mais vacilará.
Quem o diz é o Senhor, que tanto te ama.
Queridos irmãos, a 1.ª leitura é um oráculo de consolação. Diz o Senhor, por meio do profeta conhecido por Dêutero-Isaías ou por 2.º Isaías: «Alegra-te, ó estéril, que não tiveste filhos, solta brados de alegria e de júbilo, tu que não sentistes as dores da maternidade. Porque são mais numerosos os filhos da esposa». Aqui, o profeta une à apresentação de Javé como esposo a tradicional condição de esterilidade das esposas dos patriarcas, nomeadamente Sara, Raquel, Ana…que não vacilaram na fé apesar da sua infertilidade. Agora os filhos da Jerusalém abandonada seriam mais numerosos que os da mulher casada. Para isso ela só tem que possuir a mesma fé que aquela dos patriarcas. A misericórdia de Deus é tal que nunca abandona ninguém. Neste contexto percebemos aquilo que o profeta diz em relação a Sião: «Apesar de Sião ser mulher abandonada e desolada, ele nunca foi repudiada». O profeta constata ainda que o castigo no tempo de Noé, que a nossa leitura se refere, foi momentâneo enquanto que o amor de Deus é eterno. Deus não abandona ninguém.