Olá, Papá. Obrigado pelo desejo que colocas em mim e que me faz agora querer estar contigo. Hoje a tua palavra faz-me entender que Tu tens um olhar de grande ternura e admiração por mim. Não é assim o olhar que eu tenho sobre mim e sobre o outro com quem me relaciono. Como seria bom se conseguisse descobrir este olhar que Tu tens sobre nós…

A leitura de hoje é do Livro do Cântico dos Cânticos no capitulo 2:
A voz do meu amado! Ei-lo que vem correndo pelos montes, saltitando pelas colinas! O meu amado é como um gamo, um filhote de gazela. Ei-lo postando-se atrás da nossa parede, espiando pelas grades, espreitando pela janela. O meu amado fala, e diz-me: «Levanta-te, minha amada, formosa minha, vem! Eis que o Inverno já passou! A chuva já se foi! As flores florescem na terra, o tempo da poda está a chegar, e o canto da rola já se ouve nos nossos campos. Despontam figos na figueira e a vinha florida exala perfume. Levanta-te, minha amada, formosa minha, vem! Pomba minha, que te aninhas nos vãos do rochedo, nas fendas dos barrancos… Deixa-me ver a tua face, deixa-me ouvir a tua voz, pois a tua face é tão formosa e tão doce a tua voz!

Como seria bom se descobríssemos o olhar de ternura e de admiração que Deus tem sobre nós. Neste tempo de Natal o maior desejo de Deus é que experimentemos o enorme amor que nos tem e que a celebração da vinda de Jesus seja como essa prova irrefutável de que Ele nos ama sem condição. Temos de procurar essa experiência nas nossas vidas – a do amor sem condições.
Seria impossível agradar a Deus com alguma coisa que eu fizesse. Como se agrada um Deus que é todo ele amor, que para si não precisa de nada? Mas não é necessário. E a leitura do cântico dos cânticos é essa demonstração, o amor de Deus é o amor do amado, do esposo. E o amado desta leitura delicia-se a admirar a sua amada. Não precisa de nada. O seu amor é ver a amada. Deus também é assim – Olha para mim sempre com admiração e ternura.
Quem é pai ou mãe sabe que é assim – mesmo no sofrimento perante um filho que não te escuta ou que não faz aquilo que parece melhor para ele existe um olhar de ternura e de esperança. Um olhar que diz – “Estou aqui para o que precisares, para que tenhas o melhor e tenho confiança de que vais conseguir…”
São palavras de ternura as do amado: ” deixa-me ouvir tua voz! Pois a tua voz é tão doce, e gracioso o teu semblante”

Senhor, como seriam os nossos dias se de fato escutássemos no coração estas palavras e acreditássemos nelas. Não conseguiríamos viver com tristeza, não conseguiríamos olhar os outros com desprezo ou com repulsa, não teríamos medo de alguma coisa ou de alguém. Obrigado por me amares com este amor e por amares também os meus irmãos com esta ternura e esta admiração.