“Continuando o seu caminho, Jesus entrou numa aldeia. E uma mulher, de nome Marta, recebeu-o em sua casa. Tinha ela uma irmã, chamada Maria, a qual, sentada aos pés do Senhor, escutava a sua palavra. Marta, porém, andava atarefada com muitos serviços; e, aproximando-se, disse: «Senhor, não te preocupa que a minha irmã me deixe sozinha a servir? Diz-lhe, pois, que me venha ajudar.» O Senhor respondeu-lhe: «Marta, Marta, andas inquieta e perturbada com muitas coisas; mas uma só é necessária. Maria escolheu a melhor parte, que não lhe será tirada.»”
Lc 10, 38-42
No último mês, a partir da experiência do retiro, tornou-se mais consciente em mim o desejo de “habitar na casa do SENHOR todos os dias da minha vida, para saborear o seu encanto e ficar em vigília no seu templo.” (Sl 27, 4). Noutras traduções da bíblia é dito para contemplar a Sua beleza.
Quero muito aprender a deixar-me tocar pelo encanto de Deus, a aperceber-me da Sua presença nos pormenores a que dou atenção, a tentar saborear a vida ao acordar, a água quente do banho, o pequeno-almoço, a família, os abraços e sorrisos, os bons dias. É verdade que há muita pressa e agitação, e até tensões durante a manhã para não haver atrasos, mas, depois, quando saio para a rua e vejo as árvores ainda cobertas de folhas verdes, sinto o ar, a luz do dia, o céu branco e azul, observo as flores nos canteiros de muitas cores, respiro os cheiros, vejo as pessoas.
Santo Inácio de Loiyola diz numa carta: “muito mais depressa nos cansamos de receber os seus dons que Ele em no-los dar”. Recebo e agradeço o encanto e beleza de Deus? Espanto-me? Recebo o seu amor em cada pormenor? Tudo parece dizer, incansavelmente: “sejam plenamente felizes, sejam aquilo que são profundamente”.
Quero escolher a melhor parte como fez Maria que escutava a palavra? Ou recebo Jesus, mas já estou demasiado inquieta e perturbada com o que tenho para fazer e dizer, com as correrias do dia, com o que me falta, com a minha limitação ou com o que não sei amar? Qual será a melhor parte que o Senhor me convida a escolher?
O papa Francisco diz: “O verdadeiro missionário não deixa jamais de ser discípulo, sabe que Jesus caminha com ele, fala com ele, respira com ele, trabalha com ele. Sente Jesus vivo com ele”.
Peço-Te, Senhor, o dom do entusiasmo, confiança, força e paixão de ser sinal do Teu amor onde estou.