Há pouco tempo, li uma entrevista com o Papa, e em resposta a uma pergunta que lhe fizeram, o Santo Padre falava na importância do discernimento e dizia: «O discernimento (…) é um instrumento de luta para conhecer melhor o Senhor e segui-Lo mais de perto. Impressionou-me sempre uma máxima com que se descreve a visão de Inácio: não estar constrangido pelo máximo, e no entanto, estar inteiramente contido no mínimo, isso é divino. Reflecti muito sobre esta frase a propósito do governo, de ser superior: não estarmos restringidos pelo espaço maior, mas sermos capazes de estar no espaço mais restrito. Esta virtude do grande e do pequeno é a magnanimidade, que da posição em que estamos nos faz olhar sempre o horizonte. É fazer as coisas pequenas de cada dia com o coração grande e aberto a Deus e aos outros. É valorizar as coisas pequenas no interior de grandes horizontes, os do Reino de Deus».
No começo do ano, o meu marido disse-me: “vê lá, não arranjes mais cursos nem ocupes todo o teu tempo livre!”…
E eu tenho resistido a não me comprometer com muito nem com muitas coisas: na realidade, tenho estado mais tempo em casa, tenho dado mais atenção aos estudos, às roupas, às refeições, à casa… e pelo meio tenho tido as minhas neuras, a minha dificuldade em descobrir “realização” nestas coisas tão rotineiras, que sinto que são completamente necessárias aos meus filhos e à minha família, mas que a mim, por vezes me trazem angústia, me fazem sentir perfeitamente frustrada … serei eu capaz de sentir isto de que o Papa fala: “fazer as coisas pequenas de cada dia com o coração grande e aberto a Deus e aos outros”?
Seremos capazes de agir imbuídos neste espírito em todas as coisas que enchem a nossa vida? Em todos os ambientes em que nos movemos – mesmo naqueles que nos convidam ao ócio? Como? O que temos de transformar/educar/ converter em nós? No nosso coração? Que atitudes tenho de praticar?