Olá querido Jesus, obrigado por estar na tua presença, obrigado pela alegria que é estar diante de ti, pelo dom do diálogo, por deixares-me sentir que estás aqui. Por isso, gostaria de te pedir o dom do silêncio, de estar contigo. Liberta, querido amigo, a minha consciência de toda inquietação e dá-me o que nem sequer ouso pedir.

Escuto-te no Evangelho de S Lucas (11,27-28):
Enquanto Ele falava, uma mulher, levantando a voz do meio da multidão, disse: «Felizes as entranhas que te trouxeram e os seios que te amamentaram!» Ele, porém, retorquiu: «Felizes, antes, os que escutam a Palavra de Deus e a põem em prática.»

Senhor, hoje insistes em afirmar que a felicidade, dom que procuro cada dia, está perto de mim, mais perto do que imagino. Aquela mulher, depois de te ouvir, não podia, acho eu, deixar de imaginar a felicidade que tinha a tua mãe por te ter como filho. Mas Tu da maneira mais simples dizes-lhe: «Felizes, antes, os que escutam a Palavra de Deus e a põem em prática.» Com estas palavras, estás a levantar os olhos e o coração daquela mulher e a convidá-la a descobrir-se como parte dessa felicidade. E não só, estás a convidá-la a viver essa felicidade na sua vida e a transmiti-la aos outros. Começo a imaginar o seu rosto e o que as tuas palavras significaram nesse momento para ela.
Obrigado Senhor por me fazeres parte dessa experiência. Sei que também olhas assim para mim, como olhaste e falaste com essa mulher. Ela não é mais uma dentro da multidão, Tu olhas e respondes a um desejo profundo do seu coração. E hoje fazes o mesmo comigo. Não sou mais um dentro da Igreja ou do mundo, sou especial para ti e estás a convidar-me a sair da minha rotina, das “obrigações”, dos deveres, das coisas que se impõem. Estás a falar-me duma felicidade maior, precisamente aí quando parece que o meu horizonte é cada vez mais curto, breve, imediato, que é aquilo, que não pode ser outra coisa. Quando parece que a vida se estreita, Tu chegas, e acordas-nos com uma bem-aventurança maior: «Felizes, antes, os que escutam a Palavra de Deus e a põem em prática.»
Sinto, Senhor, um desejo grande de aprender, de ser simples, de viver essa alegria hoje. De ser como as crianças, simples, de aprender como elas a olhar, a apreciar o que é pequeno. Elas ouvem uma história e querem ouvi-la, em seguida, mais dez, mais duzentas vezes. Escutam uma canção e pedem imediatamente: “Outra vez”. São capazes de o ver imensas vezes um filme curto e cada vez riem mais, de cada vez descobrem coisas novas. Porque sabem escutar, porque apreendem. A repetição parece nelas um estado radioso, de felicidade pura. Quantas vezes tenho ouvido a tua palavra e o convite a uma felicidade maior, mais ainda parece que duvido…

Senhor, hoje peço-te a graça de te ouvir, de parar, de aprender a escutar a tua palavra e começar a viver dia após dia aquilo que Tu me propões. Para aprender a viver essa felicidade, que não acaba!