Hoje, aqui, sem porquês, Tu escolhes-me!

“Se o mundo vos odeia, reparai que, antes que a vós, me odiou a mim. Se viésseis do mundo, o mundo amaria o que é seu; mas, como não vindes do mundo, pois fui Eu que vos escolhi do meio do mundo, por isso é que o mundo vos odeia. Lembrai-vos da palavra que vos disse: o servo não é mais que o seu senhor. Se me perseguiram a mim, também vos hão-de perseguir a vós. Se cumpriram a minha palavra, também hão-de cumprir a vossa. Mas tudo isto vos farão por causa de mim, porque não reconhecem aquele que me enviou.”
Jo 15, 18-21


Tenho vivido a um ritmo muito elevado. São as responsabilidades profissionais e um número grande de pessoas que, de algum modo, depende das minhas ações. É a exigência da vida familiar, a necessidade e a vontade de ser um pai e marido presente. São as diferentes solicitações e os diversos âmbitos em que cada um de nós está envolvido. É a doença da minha mãe, que mobiliza a atenção e o desejo de a acompanhar o melhor possível.
Mais do que ter a perceção de que o mundo me odeia, dou por mim no meio de um colete de forças: no fundo, a viver um conjunto de circunstâncias que, no momento, me odeiam.
Estando a viver o que, apesar de tudo, escolho viver, onde estás, Senhor?
Toca-me muito, nesta leitura, a expressão “(…) fui Eu que vos escolhi do meio do mundo (…)”. No meio das pessoas, das urgências e da urgência interior em fazer-me presente, em estar presente, no meio de incompreensões (apesar do meu esforço, que parece não ser notado), no meio dos momentos que se sucedem e das respostas que tenho de dar, umas atrás das outras, Tu, Senhor, escolhes-me.
Não vejo como, nos próximos tempos, posso abrandar.
Não percebo, por vezes, os meus limites e os limites dos outros. Torno-me menos paciente, menos livre, menos atento, menos do que penso que sou chamado a ser. E Tu, Senhor, escolhes-me.
Procuro equilíbrios, promovo diálogos, tento resolver problemas e impulsionar novas formas de fazer. E Tu, Senhor, escolhes-me.
Tento chegar a muitos e, muitas vezes, não consigo. Mesmo, por vezes, de pessoas que, intuo, precisam mesmo. E Tu, Pai, escolhes-me.
Peço-Te a graça de o reconhecer e saborear no meio do mundo. Mesmo quando não sei por onde seguir ou a melhor forma de o fazer. Que se cumpra a Tua palavra! Que seja a Tua palavra a descansar-me, a tocar os outros, a chegar onde não consigo!
Hoje, aqui, sem porquês, Tu escolhes-me!

Os comentários estão encerrados.