Que proveito pode tirar o homem de todo o esforço que faz debaixo do Sol? Uma geração passa, outra vem; e a terra permanece sempre. O Sol nasce e o Sol põe-se e visa o ponto donde volta a despontar. O vento vai em direcção ao sul, depois ruma ao norte; e gira, torna a girar e passa, e recomeça as suas idas e vindas. Todos os rios correm para o mar, e o mar não se enche. Para onde sempre correram, continuam os rios a correr. Todas as palavras estão gastas, o homem não consegue já dizê-las. A vista não se sacia com o que vê, nem o ouvido se contenta com o que ouve. Aquilo que foi é aquilo que será;
aquilo que foi feito, há-de voltar a fazer-se: e nada há de novo debaixo do Sol! Se de alguma coisa alguém diz: «Eis aí algo de novo!», ela já existia nas eras que nos precederam. Não há memória das coisas antigas; e também não haverá memória do que há-de suceder depois; nem ficará disso memória entre aqueles que hão-de vir mais tarde.
Ecl. 1,2-11
Esta leitura tem como tema central a vaidade das vaidades: tudo é vaidade.
Esta tese é secundada com a questão: valerá a pena viver?
Para Qohélet a vida não tem razão de ser; porque o ritmo do mundo apresenta uma monotonia desesperante: umas gerações sucedem-se a outras; os astros levantam-se e põem-se; os ventos sopram dum lado e depois sopram do outro; os rios regressam para onde de novo fluirão. Além de exasperante, este movimento é inútil, pois os «rios vão ter ao mar e o mar nunca enche.
Qohélet não é um pessimista nem visionário, mas um realista. Com a sua constatação do mundo de que tudo é vaidade quer tomar-nos atenção de que enquanto peregrinos neste mundo não devemos deixar-nos levar pelas paixões deste mundo, porque tudo passa.
O que permanece e traz a felicidade é o que vem de Deus.
Nós devemos apenas estar atentos para saber ler os sinais dos tempos e a vontade de Deus.