“Jacob gerou José, esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, que se chama Cristo.
Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: Maria, sua mãe, estava desposada com José; antes de coabitarem, notou-se que tinha concebido pelo poder do Espírito Santo. José, seu esposo, que era um homem justo e não queria difamá-la, resolveu deixá-la secretamente. Andando ele a pensar nisto, eis que o anjo do Senhor lhe apareceu em sonhos e lhe disse: «José, filho de David, não temas receber Maria, tua esposa, pois o que ela concebeu é obra do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, ao qual darás o nome de Jesus, porque Ele salvará o povo dos seus pecados.» Tudo isto aconteceu para se cumprir o que o Senhor tinha dito pelo profeta: Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho; e hão-de chamá-lo Emanuel, que quer dizer: Deus connosco. Despertando do sono, José fez como lhe ordenou o anjo do Senhor, e recebeu sua esposa.”
Mt 1, 16, 18-24
Hoje é Dia do Pai, porque é dia de S. José, o pai de Jesus, filho de Jacob, e esposo de Maria, mãe de Jesus.
Que bom que é Senhor tomar consciência de que Tu quiseste vir ao mundo como nós, nasceste num determinado dia e a certa hora. Vieste porque o Pai assim o desejou, mas também porque um homem e uma mulher, José e Maria, permitiram que o Pai lhes trocasse as voltas: escolheram escutar-se e escutá-Lo, olhando para o mais profundo de si mesmos. E por isso escolheram arriscar tudo ao entregar as suas vidas à grande missão que o Pai lhes confiava: dar à luz o Filho de Deus, amá-lo, educá-lo, e apoiá-lo na sua missão!
Isto assim, lido, parece simples. Mas, vendo bem… Maria e José eram duas pessoas que, como todos nós, tinham os seus planos, as suas vidas mais ou menos organizadinhas, famílias e amigos com quem partilhavam a vida do dia-a-dia e esses projectos. Não foi nada fácil arriscar as suas vidas, rompendo regras, planos e expectativas, deles próprios e de quem os rodeava. O “sim” que Maria e José te disseram, Senhor, significou a entrega das suas vidas a um projecto diferente, desconhecido, mas cheio de esperança. E isso só foi possível porque certamente os dois, cada um à sua maneira, se sabiam e sentiam profundamente acolhidos pelo Pai.
Que desejo alimenta a minha vida? Deixo-me guiar pelo meu coração, ou acabo por agir de acordo com o que outras pessoas e o meio em que estou inserido(a) esperam/ditam que eu faça?
São José fala-nos de escolhas, de confronto entre regras muito estritas e muito óbvias (o que seria há 2000 anos um homem casar com uma mulher grávida de outra pessoa e acolher essa criança como sua!?), e o desejo que palpitava no seu coração, de amar e acolher Maria. São Mateus diz-nos que para José, que era um homem justo, prudente, não foi fácil. (Ora, e para nós também não é!) Mas o Evangelho diz-nos também que José “andava a pensar no assunto”…
Pois é, tal como a José e a Maria, também connosco o Senhor não se impõe, não grita. Pelo contrário, pede-nos, incessantemente, que pensemos no assunto, que não abandonemos a oração, pois Ele fala-nos baixinho, em segredo, no nosso quarto mais profundo. É aí que nos descobrimos a nós próprios e aos nossos desejos mais profundos. É aí que nos descobrimos Filhos muito amados de Deus, criados para nos deixarmos amar por Ele, e para testemunhar, com a nossa vida, esse Amor tão grande.
Senhor, perante tantas situações em que a resposta do mundo (e a minha) parece tão óbvia e acrítica, ajuda-me a ir mais além, mais fundo. Dá-me a graça de “pensar no assunto” Contigo, de falar-Te, escutar-Te, perguntar-Te o que farias Tu. Sei que só assim posso conhecer a verdade, posso fazer as minhas escolhas em liberdade e, sobretudo, arriscar outros voos Contigo.
Afinal, não é isso que um Pai quer para o seu Filho, que ele voe bem alto e seja profundamente feliz? “Não temas”!